Será? Será que vai pedir um empréstimo para comprar um Porsche Panamera e começar a ir a sunsets em Vilamoura? Será que vai pôr os papéis para o divórcio e tentar seduzir universitárias sedentas por experiência (será que o 25 de Abril é um homem? Ou uma mulher? É O vinte cinco. Mas é A revolução. Assumamos que é um género fluído). Que balanço fazemos de uma democracia que está na idade de quem vai estoirar dinheiro num barco de recreio, quando nem a hipoteca da casa pagou?

44 anos já uma idade bastante respeitável para um regime. Veja-se o caso da ditadura, que acabou por falecer aos 48. Tendo isso em conta, não seremos os Estados Unidos, mas não podemos negar que a nossa democracia já é entradota. 44 é uma idade de suposta respeitabilidade, de responsabilidade. Por outro lado, pesa o facto da juventude já se ter tornado numa memória, bem distante. A conturbada adolescência dos anos 80, já lá vai. Os vintes, celebrados em plena paixão proibida com o cavaquismo, não voltam mais, não. O 25 de Abril tornou-se num sólido quarentão nostálgico, porém ninguém espera da democracia menos do que a maturidade conivente com a provecta idade.

É que já nem está nos 30 anitos, em que ainda se poderia ser complacente com a sua ingenuidade ao deixar-se influenciar por más companhias, como o engenheiro Pinto de Sousa - essa péssima influência que ainda traz mácula à reputação do nosso amigo 25. Porquê, 25 de Abril? Porquê? Enfim, agora estás mais velho. O teu pai (ou padrasto, para alguns), com quem tinhas uma relação atribulada, Mário Soares, já morreu. Os filhos da revolução saíram todos de casa, na crise, e imigraram. Está na altura de ganhares, finalmente, tino. Isto se não quiseres que se esqueçam de ti aos 70. E que te enfiem num lar de antigos regimes.

Todavia, ter juízo aos 44 não é assim tão fácil. A meia-idade é uma segunda puberdade, desta vez sem a ajuda dos amigos. Ao seu aniversário, só os que sempre lá estiveram é que continuam a ligar. Os amigos envelheceram e não têm forças para levantar o rabo do sofá nesse dia que outrora fora especial. Sem o fulgor para sair (à noite, à rua), mas ainda com vontade de conhecer pessoas novas, o 25 de Abril, aos 44 anos, pode muito bem vir a ter um caso extraconjugal. Chegou ao Tinder dos acordos de regime, e tem feito matches cada vez mais questionáveis.