E por mulheres, entenda-se humanidade. Adorava sentir-me um génio e brilhante escritor mas, e o meu ego que me perdoe, o que eu escrevi é realmente básico. Que muita gente no mundo ainda não tenha percebido e que tenhamos que constantemente estar a dizer e escrever coisas básicas como esta para ver se isto melhora um bocadinho, já é outra conversa. Daí o texto ter tido impacto, há demasiada gente que sozinha não consegue ver uma alface à frente dos olhos, e nós temos de pegar na alface, pôr a 5 centímetros da cara dessas pessoas e gritar: OLHA, ISTO É UMA ALFACE! Talvez com ajuda consigam ver o básico que deviam ver sozinhas.

Claro que também recebi as bocas do costume, tais como “só dizes que és feminista para comer gajas”. Meus filhos, se ser um ser humano normal que defende a igualdade entre todos é o padrão mais exigente para “comer gajas”, então o mundo está pior do que eu pensava. Por outro lado, se de facto resultar para “comer gajas”, porque é que não são feministas também? É que ganha toda a gente. Há mais igualdade, e o pessoal come-se todo mais – só que com respeito e consentimento. É que, e se calhar estou a contar-vos uma novidade, as mulheres gostam tanto de sexo como os homens. Eu sei, surpreendente, não é?

O que me espanta realmente é o facto de em 2019 nós ainda não nos vermos todos uns aos outros como pessoas, como indivíduos, como aglomerados de moléculas e energia, cuja razão para a existência ninguém conhece e que num instante voltamos todos a ser nada. Voltamos a não ser, portanto. O ponto é: mulheres, homens, velhos, novos, hetero, homo, bi, trans, assexuados, intersexo, pretos, brancos, australianos, mongóis, loucos, sãos, sóbrios, bêbados, complexos, básicos. Todos. Todos. Todos. São só pessoas. São todos pessoas. Têm que ter todos obrigatoriamente os mesmos direitos.

Que merda banal que acabei de escrever, eu sei. Mas não me custa nada continuar a gritar “OLHA, ISTO É UMA ALFACE!” se isso ajudar minimamente a que a banalidade da normalidade da igualdade seja uma realidade.

Agora vou beber uma cerveja que esta conversa já me está a cansar.

Sugestões mais ou menos culturais que, no caso de não valerem a pena, vos permitem vir insultar-me e cobrar-me uma jola:

- Lugar Estranho: Ainda há bilhetes para Viseu (22). Bora.

- "How to Think More About Sex": Estou a gostar mesmo muito deste livro do Alain de Botton.