Winston Churchill terá perguntado, se não é pela Cultura, pelas Artes, então para quê fazer a guerra? O mesmo se pode aplicar a tudo o resto na vida de um país, em tempo de paz ou de conflito. A Cultura define quem somos, molda a nossa trajetória enquanto sociedade. Nenhum dos protagonistas da campanha legislativa está ralado com a Cultura ou com as Artes. Não é tema. Na verdade, nunca foi. Nenhum dos protagonistas da campanha legislativa está ralado com a Cultura ou com as Artes. Não é tema. Na verdade, nunca foi. A Cultura é sempre o parente pobre e talvez isso explique o estado a que chegámos. Sem Cultura – que é o mesmo que dizer sem educação, pelo menos na minha perspectiva – não somos nada.  

Enquanto tudo isto mexe com as minhas entranhas, a Norte, na Póvoa de Varzim, decorre o festival literário Correntes d’ Escritas. Com público entusiasmado e entrada livre. Com autores prontos para pensar em diferentes temas e em falar sobre eles, sem condicionalismos. Com uma iniciativa pioneira que, justissimamente, reflecte sobre a importância imensa do trabalho dos tradutores: está inserido na programação, o Primeiro Encontro de Tradutores.  Com uma relação próxima com a comunidade, com as escolas. 

Um luxo? Um acontecimento que devemos aplaudir de pé. E que revela uma coisa: Estratégia, em vez de táctica repentina. Continuidade, Aprendizagem, Vontade, são outras palavras da família das Correntes. Mais de 120 convidados de expressão ibérica. A festa cultural teve início no dia 17 e termina no dia 26. Repito, um evento gratuito, de livre acesso. Privilegiando os livros e as pessoas. 

Há 25 anos que este acontecimento literário marca a agenda de muitos. Aqui foram lançados mais de 500 livros, estiveram mais de mil autores, de diferentes países ibéricos. Metade da nossa democracia foi beneficiada por termos esta iniciativa, pelos encontros que proporcionou, pelo estímulo que deu aos leitores, pelo que originou de pensamento crítico. Por esta luta pela Cultura e pelas Artes. A  câmara municipal (que este ano comemora também os 50 anos da elevação da Póvoa de Varzim à categoria de cidade) organiza as Correntes com o apoio de um conjunto de empresas. Em nome da Cultura. Porque, se não for por isso, estamos a debater o quê?