O vírus da insegurança. Ficámos nestes dias a saber que o coronavírus pode atingir pessoas que não tiveram qualquer ligação com o oriente longínquo onde surgiu a epidemia. O Covid-19 tem um novo mistério: como é que está a contagiar, em Itália, a velocidade veloz, tantas pessoas fora de qualquer contacto suspeito com a China ou com algum caso registado? Não se sabe. Também ainda não sabemos como é que tudo isto vai acabar e quando, mas sabemos que nos damos mal com a incerteza.

Este saltar do vírus para a Europa próxima, demasiado próxima, faz subir o nível do nosso alerta: obriga-nos a elevarmos ao máximo a nossa precaução, a inteligência e a responsabilidade.

Há, sobretudo, que evitar uma infeção que não é viral mas psíquica, a do medo, que pode levar ao pânico e contribuir para que a epidemia cresça para pandemia.

É, evidentemente essencial que as pessoas, perante um sinal de gripe se precipitem para a urgência de um hospital. Todos estamos avisado que, perante um quadro de dúvida, o que temos a fazer é recorrer à triagem e aconselhamento do serviço público de saúde em atendimento telefónico, em Portugal a Linha Saúde 24 [808242424]. Eles sabem orientar-nos. A Direção-Geral de Saúde, uma vez mais, perante uma ameaça de crise está mobilizada e a cuidar de nos alertar e informar todos os dias sobre os factos relevantes.

Está constatado que há pelo mundo muita gente que, a propósito desta emergência, tenta espalhar a confusão e propagar o medo irracional através da velocidade vertiginosa de redes sociais. É essencial não nos deixarmos infetar por essa desinformação. É vital que seja forte a confiança dos cidadãos em quem comanda o combate a esta crise.

O medo é uma ferramenta que a evolução selecciona para defender a sobrevivência. Mas se esse medo é irracional e descontrolado pode causar dano maior do que o mal que suscita o medo.

Sabemos de maus exemplos lá longe: a gestão do cuidado com as pessoas a bordo do paquete Diamond Princess, no porto de Yokohama, no Japão, ao manter as pessoas em quarentena a bordo do navio revelou-se contraproducente porque contribuiu para disparar o contágio a mais de 650 das 3700 pessoas a bordo. A quarentena é uma medida preventiva inquestionável, o que se questiona e terá de ser explicado é como aquelas pessoas foram fechadas em condições que as deixou expostas ao vírus. O Japão falhou. Se não era possível conter o contágio dentro do paquete, era necessário encontrar instalações em terra que acautelassem a quarentena na maior segurança.

Também temos suspeitas sobre a fase inicial da gestão da epidemia na China. Xi Jinping já reconheceu lacunas – é algum progresso no universo fechado do poder em Pequim.

Mas temos boas razões para confiar no modo como os países europeus estão a cuidar esta crise. Com a ciência a conduzir as decisões institucionais comunicadas de modo transparente e atempado e com os meios de combate e assistência há várias semanas a serem preparados.

É reconhecido que ainda falta saber científico sobre esta versão do coronavírus. Por isso mesmo, a informação oficial assume os limites e as incertezas do saber disponível, que está em contínua evolução. Assenta nessa transparência a confiança necessária.

Estamos hiperinformados e hipersensíveis em volta deste vírus imprevisível e ameaçador que está a invadir o nosso quotidiano. A realidade mostra que o perigo se pôs mais perto, mas também sabemos que é possível, na maioria dos casos, tratar e curar quem é contaminado.

Toca-nos mostrarmos responsabilidade: estarmos alerta, com informação fiável, prudentes mas sem ânsia e sem alarme. Enquanto não há vacina para prevenir o Covid-19, está na nossa inteligência o antiviral para o medo.

A TER EM CONTA:

Com o campo moderado muito dividido, será que o socialista Bernie Sanders está mesmo imparável na conquista da nomeação democrata para defrontar Trump nas presidenciais em novembro? A alternativa Bloomberg ficou muito esvaziada no debate de estreia em Las Vegas. Na semana que vem, a super terça-feira, 3 de março, vai provavelmente trazer uma definição quase definitiva da escolha democrata. Mas Trump nunca pareceu tão próximo da reeleição.

O livro Our House Is on Fire, em que a mãe de Greta Thunberg explica como a filha construiu a hiperliderança mediática em defesa do planeta.

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