“Os 2 dias mais importantes da nossa vida são aquele em que nascemos e o outro em que percebemos porquê." Mark Twain

Longe de mim querer fazer teorias sobre o que quer que seja. Há, aliás, cada vez menos coisas sobre as quais tenha, para tal, as certezas necessárias e até suponho (sem certezas) que isso não seja propriamente mau.

Não venho, por isso, propor quaisquer verdades.

Vivemos numa sociedade e numa época de exigência ética e dispensa-se provavelmente mais uma voz a anunciá-la. Mas essa exigência é claramente um dos méritos do nosso tempo. Centramos a nossa atenção nas injustiças sociais, nos direitos humanos, na defesa do ambiente ou nas diversas formas de discriminação. Multiplicam-se os movimentos para a justiça mundial. E claro que isso é bom.

Só que essas preocupações abstractas são frequentemente independentes da felicidade ou da infelicidade de pessoas concretas. Mudar o Mundo todo distrai, por vezes, de mudarmos o de alguns que nos estão próximos. E era sobre isso que vos queria falar.

Deixem-me dar um exemplo.

A Acreditar – Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro vai ampliar de 12 para 22 quartos a Casa que tem já há 16 anos em Lisboa, em frente ao Instituto Português de Oncologia. Durante os períodos de tratamento, estas Casas são o lar onde ficam a viver as crianças e jovens com cancro e suas famílias, que residem longe da cidade do hospital onde estão a ser seguidas. Existem em Lisboa, em Coimbra e no Porto.

Vive-se ali um ambiente confortável, que permite, de alguma forma, reorganizar a vida familiar depois das horas passadas nos hospitais entre exames e tratamentos. Como se pode imaginar, faz toda a diferença quando se trata de enfrentar, ao longo de processos longos e dolorosos, a angústia daquela situação. A prioridade é dada aos que mais precisam e as estadias são gratuitas.

A construção como a manutenção destas Casas assenta em contributos individuais de pessoas e de empresas.

Dando tempo em voluntariado ou apoiando financeiramente. Boas vontades quotidianas que têm construído, ano após ano, uma obra sólida com frutos extraordinários. O apoio do Estado tem sido marginal.

Agora é este o desafio: a ampliação desta Casa é uma necessidade e vai ajudar muita gente que precisa de ser ajudada. E será possível se a apoiarmos.

A história da Acreditar tem sido a soma de gestos individuais que respondem à pergunta: o que é que eu posso fazer? Fazer alguma coisa quando é preciso e possível, melhorando com isso vidas concretas.

Não sei se é esse, afinal, o sentido da vida de que falava Mark Twain. Se calhar é. Mas não quero, como dizia, fazer teorias sobre o assunto.

Há, no entanto, um ponto simples onde concordamos, de certeza, todos: Há coisas que não dependem só de nós. E há outras que sim.


Sobre a Acreditar:

A Acreditar, Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro existe desde 1994. Presente em quatro núcleos regionais: Lisboa, Coimbra, Porto e Funchal, dá apoio a todos os ciclos da doença e desdobra-se nos planos emocional e social. Com a experiência de quem passou pelo mesmo, enfrenta com profissionalismo os desafios que o cancro infantil impõe a toda a família. Momentos difíceis tornam-se possíveis de viver quando nos unimos.

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