Caro Isaltino Morais,

Depois de mais uma tragédia ocorrida em Algés, tendo sido a última em novembro de 2008, e não em 1993 como tem dito publicamente, reitero alguns contributos para não termos que voltar a ter perdas humanas, nem prejuízos avultados dos nossos munícipes e dos nossos comerciantes:

1. Duplicação da ribeira de Algés. Custo estimado de 5 milhões de euros e promessa de Isaltino Morais há mais de 20 anos. A última vez que prometeu foi nas cheias de 2008 e, se precisar, envio-lhe tudo o que disse e que consta em acta da reunião da assembleia municipal em resposta ao PS: "Temos grandes problemas de cheias em dois sítios, perfeitamente identificados. E mais uma vez, não vale a pena estarmos a ser masoquistas. Temos esse problema identificado na Ribeira de Algés e em Tercena" (...) "Pelo que vi, estou convencido que, se duplicar, ou triplicar a secção da Ribeira, este problema fica resolvido.”

2. Reestruturação e aposta no gabinete municipal de proteção civil de Oeiras. Faça-me um favor: basta ler o plano municipal de emergência municipal de Lisboa, Cascais e Oeiras para ver que algo vai muito mal na Oeiras Valley, pois não se tem investido em recursos humanos especializados, nem em tecnologia moderna para fazer face a eventos climáticos. Para além disso não existe uma estrutura forte para coordenar todos os meios, apesar deste município ter sete corporações de bombeiros. Num município em que se quer inovar e ser vanguardista, não podem morrer munícipes por eventos climáticos nem haver centenas de famílias e comerciantes que fiquem sem os seus bens.

3. Desafio Isaltino Morais a fazer uma assembleia municipal descentralizada para discutirmos novos empreendimentos em leito de cheia na Freguesia de Algés, assim como, a proposta surreal de fazer um novo parque de estacionamento nos terrenos finalmente comprados pela Câmara Municipal De Oeiras. Num local onde se deveria dar dignidade à entrada da Av. Bombeiros Voluntários de Algés, com novos passeios (agora inexistentes) e jardins, opta-se mais uma vez por impermeabilizar os solos, num local que se sabe ser crítico e de cheias;

4. Caso este executivo camarário não faça o que agora proponho no ponto 3, por ter medo de ouvir a opinião dos seus munícipes, informo que apresentarei um abaixo assinado a solicitar à assembleia municipal de Oeiras uma reunião descentralizada em Algés, que incluirá ainda como pontos a aprovação do investimento imediato para a duplicação da ribeira de Algés, a suspensão imediata dos novos empreendimentos em Miraflores, e a discussão de alternativas sustentáveis ao parque de estacionamento em Algés. No âmbito da freguesia apresentarei um pedido de referendo local a estas questões para os fregueses votarem e vincularem a câmara à sua concretização.

Estamos num município onde vivem cidadãos exigentes e por isso o executivo camarário deveria abrir um inquérito interno para sabermos de forma transparente o que correu mal do ponto de vista da resposta da Proteção Civil municipal e da qual o Presidente do município é o seu responsável máximo. Se, em situações menos graves, a culpa não morreu solteira, Oeiras deve dar um exemplo de transparência e de reflexão séria sobre as opções políticas que este executivo camarário tem tomado e que colocam em causa a defesa do interesse público, da segurança de pessoas e bens e do combate às alterações climáticas.