Os cabelos brancos não têm dia ou hora para aparecerem, mas estão indubitavelmente associados à velhice. Há gente nova com cabelo grisalho, mas são excepções à regra.
Os cabelos brancos representam uma de duas coisas: passar do tempo ou, como socialmente preferimos chamar, envelhecimento. São um processo natural que tem a ver com o envelhecimento da pele e o decréscimo da produção de melanina, razão pela qual não há uma idade certa para o primeiro cabelo branco aparecer. Normalmente, depois dos quarenta, a nossa capacidade de produção deste pigmento que dá cor à pele e ao cabelo diminui, contudo, não há duas pessoas iguais, pelo que será na genética que reside a responsabilidade pelo aparecimento dos cabelos brancos.
São a experiência que nos exigem aos vinte, mas também a incapacidade de adaptação e os vícios de que nos acusam depois dos quarenta. A verdade é que o "idadismo" está tão presente na nossa sociedade quanto o racismo ou outros preconceitos, mesmo que ausentes do sufixo.
Há, contudo, outro aspecto que nos esforçamos por ignorar, e não é o facto de mais mulheres pintarem o cabelo: não consigo lembrar-me de nenhuma actriz, apresentadora de televisão ou outra, na indústria audiovisual, que assuma os seus cabelos brancos, ao mesmo tempo que vou fazendo uma lista mental de homens nas mesmas circunstâncias e, especialmente, uma lista daqueles que atingiram maior sucesso exactamente quando ficaram grisalhos. Actores nacionais e estrelas de Hollywood esbanjam charme depois dos quarenta, aos cinquenta e já com os cabelos quase todos brancos, depois dos sessenta, protagonizando filmes de grande investimento? São vários. Mulheres nas mesmas condições? Poucas.
Está em curso uma tendência para as mulheres se libertarem do peso de certas imposições sociais. Vi há dias uma mulher linda que, de frente, não tem mais de trinta anos enquanto, de costas, diria que ultrapassa seguramente os sessenta, razão pela qual me detenho a pensar na importância que damos às rugas e cabelos brancos. Já há mulheres no cinema e na televisão que ostentam, com orgulho, a sua idade e as rugas que lhes estão associadas. Mas não assumem, ainda, os seus cabelos brancos. Houve uma tendência (má...) de os encobrir com madeixas. Eram cabeças num misto de três cores que era tudo, e nada, ao mesmo tempo. Um loiro acinzentado com raízes escuras e pontas por vezes no limite do aceitável, com fios de cabelo de várias cores? Tenho dúvidas em relação à eficácia. Era demasiado óbvio que servia para esconder cabelos brancos ou fingir um louro que nunca existiu...
Hoje as técnicas de coloração estão de tal forma sofisticadas que, quando bem aplicadas, é difícil perceber o real do imaginado. O que nos leva novamente à questão: fazem-no pelo prazer pessoal ou porque é a forma encontrada para se manterem na ribalta? Actrizes como Catherine Deneuve, Meryl Streep, Diane Keaton, Susan Sarandon, Helen Mirren ou Judy Dench são assumidamente mais velhas, não necessariamente mais "brancas", muito embora, especialmente as inglesas Mirren e Dench ou a norte-americana Jamie Lee-Curtis, assumam uma cor que denúncia a ausência de cor dos seus cabelos. Em sequência, celebridades jovens pintam o cabelo grisalho e outras assumem naturalmente que o seu cabelo está a perder a cor, como Kate Moss fez.
Mudança?... Em contraponto, George Clooney, Richard Gere ou Brad Pitt estão entre os que "ficam mais sexy grisalhos", enaltecendo os cabelos brancos nos homens, numa lista de actores ou figuras da televisão com esta pseudo-cor bastante mais extensa do que a das mulheres. Porquê?
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