
Não questiono que a ascensão de uma espécie de nova ordem mundial obriga a uma resposta europeia. O que questiono é a sistemática noção que fazem passar aos cidadãos de que não há dinheiro. Mas há. E ele existe sempre, haja vontade e decisão política nesse sentido e depressa aparece uma fonte a jorrar 800 mil milhões.
Volto a realçar que não está em causa a necessidade imperativa da União Europeia se começar a mexer de forma séria. As duas grandes superpotências, responsáveis pela paz podre durante a longa guerra fria, foram tomadas por rufias que, como é usual, parecem querer aliar-se no espezinhamento dos mais fracos. Mas não devemos nem podemos embarcar na narrativa tal como nos é exposta.
A segurança e defesa da Europa não se deve limitar a rearmar os seus países. Devem passar também por uma soberania e independência da União Europeia nas mais variadas vertentes. Nomeadamente na área alimentar, industrial ou digital. Tem de dar resposta aos anseios e necessidades da sua população. Tem de ser solidária entre povos e tem de ser inflexível na manutenção dos estados de direito democrático em toda a União.
Só teremos uma Europa coesa, se os diversos estados cumprirem os princípios basilares das democracias modernas e se unam na defesa do modelo social europeu. Um modelo em que ninguém pode ficar para trás e em que as regras pelo respeito ambiental sejam escrupulosamente cumpridas. Desta forma teremos uma União Europeia realmente unida e em que todas as suas cidadãs e todos os seus cidadãos se sintam parte de algo maior, encontrando-se disponíveis para encetarem a defesa intransigente deste modelo e dum modo de vida no qual nos sintamos livres, mas incluídos.
Porque não contem com as pessoas para defenderem uma casa europeia inabitável e na qual não se sintam bem-vindas.
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