Pena que o realizador e guionista não sejam de qualidade, acrescente-se. No meio do caos instituído hoje com as buscas e as acusações, detidos e arguidos, o primeiro ministro fez o que deveria fazer: despediu-se.

Teve uma posição condigna com a sua função. Tomou uma atitude em prol do país e da seriedade do cargo que ocupou.

Marcelo Rebelo de Sousa aceitou a demissão. Os partidos da oposição podem esfregar as mãos de contentes, mas será por pouco tempo, digo eu.

O dano para a democracia será grande. Para a imagem do país no exterior. E pior do que tudo a alternativa a António costa não é a melhor.

Alguns defendem o regresso de Passos Coelho, o que só comprova que Luis Montenegro não tem peso enquanto líder de oposição. Outros falam de uma geringonça à direita ou um revival à esquerda, desta feita sem Costa.

Faites vous Jeux, disse em tempos uma personagem criada por Herman José. O jogo é demasiado importante para ser feito por líderes wanna be.

Ventura deve estar no auge da sua excitação política. A janela de oportunidade para o populismo abre-se mais um pouco.

O que fará Marcelo com tudo isto? O que farão os portugueses?

Pelo sim, pelo não, aposto já um cafezinho que as próximas eleições legislativas terão uma abstenção alta. Como se não tivéssemos nada a ver com isto. São quase 50 anos de democracia e a sociedade civil ainda não se mentalizou da sua extrema importância na decisão sobre quem e como se manda no país.

E, já agora, convém registar isto: será que desta vez a justiça funcionará? Ou é apenas uma coisa para inglês ver? Para usar a expressão popular.

P.S.: E entretanto a guerra já não existe, não é? Voltámos para o Portugal dos pequeninos.