Idealmente, o nome cientificamente mais correto e também que mais impacto causaria seria este, que aqui proponho: Museu Extremamente Agregador De Tudo O Que Foi A Expansão Portuguesa Desde As Cenas Fixes Tipo Descobertas Científicas E Isso Mas Também A Má Onda De Escravizar e Violar As Pessoas Que Já Lá Viviam Enfim Uma No Cravo Outra Na Ferradura Está Tudo Contente? Bora Lá Abrir O Museu É 15 Paus A Entrada Também Não Era Preciso Esta Discussão Toda Isto É Para Turistas Que Não Querem Bem Saber. Enfim, só não pegam nisto se não quiserem.

Agora, o que é um museu? É normal que nos tenhamos esquecido de que um museu é um espaço de diálogo histórico e confronto de ideias – e não um espaço de glorificação ou uma vistosa ala de um parque de diversões – quando a novidade mais excitante do panorama cultural da capital é o The Sweet Art Museum, um cenário de Instagram que não devia merecer o nome de museu ou talvez uma exposição real time em que os visitantes são o acervo e o objeto é a decadência das almas.

Os nomes importam, mas importam menos se os reduzirmos à insignificância para que não incomodem ninguém. Nomear um museu de “A Viagem” talvez seja redutor. É que, de facto, os portugueses dividiram o Mundo ao meio com os castelhanos, não apanharam o 36 para a Ameixoeira.

A verdade é que interessa pouco que o Museu opte ou por uma designação objetiva e cientificamente aceite (“da Expansão”) ou tome a tal opção comercial e inofensiva d’”A Viagem”, se o seu conteúdo não resultar numa visão abrangente e diversa de toda a empresa colonial Portuguesa.

Pelo que me lembro, “Os Descobrimentos” eram das partes da matéria que mais entusiasmavam os alunos de História do Básico. A verdade é que na escola ministra-se sobretudo a disciplina de História Alegre de Portugal. Construímos barcos, trocámos armas por noz moscada, foi muito giro, somos capazes de ter feito uns escravos, mas foi sem querer. A visão lusocêntrica e o panegírico aos navegadores é o que fica na mente de quase todos os alunos, logo, de quase todos os portugueses.

A História não existe para causar orgulho. Não é preciso ter medo de “trair o país” por ter uma visão crítica da Expansão, nem ter pudor em admitir que Portugal, durante 600 anos, foi uma nação colonialista.

Ou não fosse o nosso hino literalmente uma birra por não nos deixarem ter mais colónias.

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