Não entendo o jornalismo, nem sequer títulos de capa de jornal com problemas de concordância (por favor, para referência futura, não escrever Os Maias foram retirados, mas sim Os Maias é retirado..., perceberam? Os Maias é um livro), mas isso agora é outra conversa. O que me importa dizer é que Luís Vaz de Camões, Almeida Garrett, Camilo Castelo Branco, Eça de Queiroz, Agustina Bessa-Luís, Sophia de Mello Breyner Andresen, Jorge de Sena, Eugénio de Andrade, Alexandre O’Neill, António Ramos Rosa, Herberto Helder, Ruy Belo, Manuel Alegre, Luiza Neto Jorge, Vasco Graça Moura, Nuno Júdice, Ana Luísa Amaral constam todos do programa e são nomes maiores da nossa literatura que contribuem de forma superior para colocar os jovens a pensar, confrontando-os com narrativas e poéticas que enriquecem pensamento e vocabulário.

O entusiasmo em sala de aula depende grandemente do entusiasmo do professor? Sobre isto não tenho a menor dúvida. Conheço mesmo quem afirmasse que a disciplina de Português era “uma seca” para mudar de professor e passar a dizer que a disciplina, afinal, “é a minha preferida”. Não precisamos todos de ver o Clube dos Poetas Mortos outra vez – filme citado amiúde nas redes sociais e sempre com impacto emocional elevado, graças à interpretação fabulosa do saudoso Robin Williams – para compreender a importância extrema de um professor. Faz toda a diferença, dizemos em coro e contamos histórias dos professores predilectos até ao fim da nossa existência.

Cativar os alunos para a leitura, em aulas que duram 90 minutos, nas mesmas cadeiras e mesas nas quais a minha geração se sentou, é uma tarefa louvável e, certamente, difícil, mas não impossível. Dizer que os miúdos não lêem o que antigamente se lia só pode ter uma resposta: os adultos lêem? Da última vez que tentou ir à praia – digo tentou, porque o tempo está o que está – quantos adultos é que tinham livros nas mãos? E jovens? Provavelmente, se tiveram a mesma experiência que eu, a maioria dos veraneantes estava focado nos dez centímetros por seis de um telemóvel de última geração. A ler? Sim, a ler o que se consome nas redes sociais e que dá origem a posts inflamados de quem lê apenas as gordas e não aprofunda coisa alguma. E, por isso, não me espanta que estejamos esta semana inundados de comentários sobre a importância da obra Os Maias e de como esta geração está perdida; de pessoas a maldizer as aulas de português e outras a louvar a educação esmerada que tiveram. O que está mesmo perdido é a comunicação eficaz. Sobre isso não há a menor dúvida, pois não?