Lembro-me bem daquele dia. Estava descansadinho no recreio a cantar a música do Dartacão quando a Carolina me puxou os calções para baixo e deixou a minha pila à mostra, à frente de toda a gente. Ai, que vexame! Quis mudar de nome! Eu não era fraco, quando eu dava um... Perdoem-me. Deixei-me levar pelas emoções da altura.
Uns anos mais tarde, já no secundário, estava a ir de metro para as aulas e, de repente, sinto que uma mulher com um ar asqueroso se está a esfregar toda em mim. Fico paralisado, não consigo reagir, até que ela levanta a saia, começa a enfiar os dedos com vigor enquanto olha para mim com o ar mais repugnante do mundo, e esguicha aquela espécie de leite. Sujou-me todo. Daquilo e de culpa. Não fui capaz de contar a ninguém e até esqueci o assunto, mas no outro dia a ver porno calhou "squirting" e vomitei. Porque era uma senhora de 90 anos, mas também pelas memórias que me trouxe.
Já de barba e corpo de homem feito, ia ignorando os constantes piropos das mulheres das obras: “Traz cá esse pau e faz de mim a tua espetada" ou "esfregava-te as virilhas na cara até ficares com a barba feita". Que nojo.
Na faculdade as coisas não melhoraram, chegando ao ponto de uma professora me ter dito que, se quisesse "subir a nota, só tinha de ficar na sala um minetezinho depois do toque". Subtil e muito engraçado, de facto. Mais grave ainda foi quando um amigo meu numa Queima foi violado por três raparigas de uma das bandas que lá tocaram, quando o convidaram para ir a casa de uma delas no fim. As redes sociais encheram-se de comentários como "foi para casa delas, estava à espera de quê? Jogar FIFA?", como se ele não tivesse simplesmente o direito a dizer "não", o que só aumentou a dor dele. Até porque ele é péssimo no FIFA.
Crescemos e vivemos assim a vida toda. Quando vamos sozinhos à noite na rua, fingimos que estamos ao telefone com a namorada para ver se nenhuma estranha se mete connosco. Na noite, há sempre gajas a roçarem-se em nós ou a não perceber à primeira que não nos apetece conversar. No trabalho temos de ouvir "não te esqueças de ir de camisa aberta para a reunião para mostrares os abdominais, sabes bem como essa cliente é importante", e ainda ninguém me conseguiu explicar porque é que a Joana ganha mais do que eu, se faz exatamente o mesmo trabalho. Porque está provado que biologicamente as mulheres têm mais jeito nesta área? Podem ir para a c*ninha que vos f*da com esses estudos, também.
Constantemente diminuídos e desvalorizados em tudo, como se tivéssemos nascido só para arranjar carros e ver futebol, para emprenharmos as mulheres e ser seus servos.
E, há dias, ainda tenho de ler que no Alabama foi aprovada por 25 mulheres a lei que proíbe os homens de não se virem em toda e qualquer relação sexual, mesmo em caso de falta de amor ou tesão. Até sobre o nosso próprio corpo querem ser elas a mandar. É até aqui que o absurdo chega, e esta merda tem mesmo de começar a mudar.
Não queremos ser superiores às mulheres, só queremos ter a mesma liberdade e os mesmos direitos. Chega de femismo!
Exercício divertido, não foi? Agora imaginem se fosse mesmo assim.
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