Não foi desta que os franceses se vingaram do caneco que lhes roubámos numa invasão domiciliária em 2016. Ganhá… empatámos, assim é que foi, e conseguimos passar o grupo da morte, em terceiro lugar, porque três é a conta que Deus fez e Fernando Santos reza mais do que os outros treinadores e tem uma santinha sempre com ele e toda a gente sabe que Deus é maluco por artefactos religiosos comprados numa lojinha de Fátima que não paga impostos.

Bem, mas este jogo foi o mais português de todos os jogos: começou com os arautos da desgraça a vaticinar a eliminação de Portugal com uma goleada perante a França. “Se levámos 4 da Alemanha, vamos levar 72 da França, o Semedo vai comer o pó do Mbappé”, entre outros comentários sempre positivos como é apanágio do português adepto da selecção nacional. Depois de tantos pedidos e rezas para que o Engenheiro Fernando Santos mudasse algumas variáveis da equação, especialmente a constante estática William por Renato, ele lá ouviu e fez essa mudança, mas decidiu meter no pacote também Moutinho em detrimento de Bruno Fernandes, um dos melhores jogadores do mundo na sua posição. Pronto, agora é que íamos perder, como é que é possível ter bife do lombo no banco e jogar com pojadouro ou fazer arroz de pato com frango. Acho sempre ridículo quando se começa a criticar um jogador ainda antes de ele meter os pés em campo, mesmo que esse jogador seja o coxo do Moutinho.

A verdade é que Portugal jogou melhor do que com a Alemanha (ou a França deixou jogar) e mesmo com um roubo descarado ao cair da primeira parte, Portugal lá conseguiu o empate quando a derrota até servia, passando em terceiro lugar do grupo, o mesmo lugar que nos deu o Europeu anterior. Felizmente, a seleção nacional foi mais proactiva neste jogo do que o Governo português que não assinou a carta sobre direitos LGBT na Hungria, alegando neutralidade. Nestas questões de direitos humanos não há neutralidade, há passividade ou proactividade e, ironicamente, Portugal foi o passivo. Já em campo, conseguiu, também ironicamente, evitar a encavadela. A nossa selecção, neste jogo, conseguiu a única receita mais portuguesa do que o bacalhau à Zé do Pipo ou o bitoque: conseguiu ser apurado enquanto junta os seus dois ingredientes favoritos: empatou com penaltis.

Outras coisas a ter em conta: Ronaldo é o melhor marcador da prova com 5 golos e 36 anos. Os detratores dirão que foram três golos de penaltis porque a inveja é feia; Nossa Senhora fez outra aparição nas luvas de São Patrício que fez duas defesas na mesma jogada capazes de tornar um ateu num devoto franciscano; Danilo sofreu uma tentativa de homicídio, se o guarda-redes francês fosse polícia não haveria dúvidas que era um caso de racismo.

O que interessa é que passámos, como sempre todos acreditámos, não é verdade? Claro que sim, claro que sim. Agora é rumo à final! Venha de lá a Bélgica! Levam três golos de rajada depois de eles já terem marcado outros três que até os comemos com o empate!

Para ver: The Guilty

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