Posso publicar um volume intitulado “A Expansão de um Aeroporto: Tomo I. 1970-20…"as reticências ocuparão o ano da minha morte, como se perceberá. Este aeroporto, cuja expansão anda a ser discutida em comissões sucessivas desde 1972, repito, 1972, está para lá do que é humanamente possível aturar.

Para não me alargar, vou reduzir a experiência recente no exterior do aeroporto, que é sempre um lugar de ansiedade à partida e um pesadelo à chegada. Não faço ideia de qual seria a solução para fazer coexistir táxis e Uber, mas sei que a solução encontrada para os automóveis que pedimos, em aplicações várias, não é defensável. Não só o atropelo é absurdo, como as condições de tomada de passageiros são extremamente difíceis. A polícia apita, há um chico-esperto que estaciona ali na curva, depois o outro motorista que refila, tenho de sair daqui, o meu tempo está a terminar (porque o parque tem um tempo limitado, para ser utilizado gratuitamente, e os motoristas só podem fazê-lo x vezes por dia). Os passageiros estão agarrados ao telemóvel, falta um minuto, faltam afinal três. Olha, cancelou!

Eu tenho calma, sou paciente, não refilo, não me passo. O mesmo não acontece com outros tantos que bailam neste fandango. Porque as pessoas estão cada vez mais agressivas. Hostis e impacientes, em stress profundo, por razões que escapam ao mero mortal, mesmo que a situação no aeroporto de Lisboa seja esta bodega e outras tantas, sobre as quais não valerá a pena alongar-me. Somos a cidade da História, da Web Summit, da gastronomia, do bom tempo, dos motoristas maldispostos, da confusão de acessos. É pena.

Incompreensível é saber que andamos a discutir melhores condições, há 50 anos, e nada acontecer. Merecíamos melhor.