Somos de uma profissão que sofrerá sempre pressões e sussurros ao ouvido, mas todos os que são jornalistas sérios, com o código deontológico bem presente, sabem gerir a pressão, sabem o que fazer com os “favores” que nos pedem. Colocamos no lixo para reciclar e avançamos. Que ao fim deste tempo ainda precise que lhe seja explicado para que servem os auriculares, faz pena. Nós, os jornalistas, que andamos de volta do poder político para o reportar aos demais, temos umas coisas que são típicas da profissão.

Já os políticos, senhor primeiro-ministro, não primam por uma imensa qualidade e o senhor tem razão: precisamos que sejam melhores. Não se preocupe tanto com os jornalistas, eu até diria que não o temos incomodado como fizemos com outros.

Repare, a situação nos hospitais, nas escolas, na justiça era “um caos” no governo PS; no seu governo são “contrariedades”. Políticos de qualidade teriam virado as vísceras, com a má-educação a que foi sujeita Ana Jorge na Santa Casa da Misericórdia, só para dar um exemplo. Nem o senhor teve esse gesto de qualidade, que seria repudiar a sua ministra.

O seu governo até se tem aguentado, queixa-se do quê? Eu queixo-me de o ver fazer alianças com a extrema-direita. E queixo-me das fracas condições de trabalho da maioria dos jornalistas. E vejo com suspeição querer tirar a publicidade à RTP (é para ir para a SIC cujo fundador é também fundador do seu partido? Uma chatice de uma pergunta, não é?).

Tenha paciência e vá puxar orelhas ao seu executivo. Há tanto por onde começar. Ou prefere que lhe sussurre ao ouvido?