Uma das primeiras coisas que vi nas redes sociais na segunda-feira foi um anúncio a uma máscara facial cujo objectivo é providenciar protecção contra vírus. Parece que tem três tipos de filtro e o tamanho único serve para todos. Há sempre quem beneficie do medo dos outros. A propaganda a esta máscara e o apelo ao consumo são feitos com base em imagens de propagação do vírus ao nível mundial.

No caso dos coronavírus, são uma família de vírus e não apenas um, é verdade que as pessoas têm medo. Legitimamente têm medo. A partir do momento em que pessoas surgem com o vírus e não estiveram na China nem em contacto com alguém que tenha vindo de lá, temos de pensar de outra forma. Em Itália, na Lombardia, morreu um homem que nunca foi à China. No Irão há casos e, todos os dias, as notícias surgem como uma evidência: são milhares de pessoas infectadas na China e o vírus, ou os vírus, não vão ficar por ali. Já chegou à Catalunha. E continuará por aí sem termos resposta para o combater. A Organização Mundial de Saúde diz que o mundo não está preparado para isto.

Até que ponto as notícias são correctas? Corremos um risco de epidemia? E isso significa o quê exactamente?

Os estudiosos-rápidos, uma espécie que prolifera nas redes sociais, aquela malta que é treinador de bancada, primeiro-ministro de galeria ou ministro suplente, aquela malta que tem sempre uma palavra amiga (sim, é ironia), asseguram que não sabemos da missa a metade (posso imaginar que tenham razão) e que a economia mundial será afectada (também não tenho a menor dúvida), mas depois começam com as teorias da conspiração e eu sobre isso nada sei. O que sei é que a malta não lava as mãos tantas vezes quanto devia, não tem os padrões de higiene que asseguram alguma protecção contra vírus e bactérias menos amigas.

Entretanto, o medo faz com que as pessoas mudem a sua vida. Uns amigos decidiram adiar, com grande prejuízo financeiro, uma viagem ao Japão, a viagem da sua vida. Um familiar manda links de artigos médicos, promove vídeos sobre lavar as mãos com eficácia. Outro ainda tenta resumir os acontecimentos e perceber se é ou não uma epidemia, se a janela de controle do vírus se fechou já, se as autoridades estão a comunicar correctamente. Um amigo mais céptico reclama que estas coisas são intencionais, que promovem interesses. A verdade é que o vírus existe, que pessoas morreram, que não se sabe exactamente como o combater ou evitar a sua propagação. Não ter medo é inconsciente, irresponsável e pouco inteligente.

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