É conhecida a capacidade de Trump para dominar o relato público. Vai, uma vez mais, mostrar-se vítima da estrutura do poder político — com dose, maior ou menor, de progressismo —, instalado em Washington, das elites liberais e dos meios de comunicação que, de facto, resultam hostis ao atual presidente.

Para que um presidente dos EUA saia condenado num processo de impeachment é necessária a maioria de dois terços no senado. Isso implica, no quadro atual, juntar aos votos de todos os senadores democratas e independentes, também os de 19 republicanos. Entre estes, há um (Romney) que está a criticar severamente o procedimento de Trump. Poderá haver mais dois ou três a alinharem publicamente na censura. Ninguém mais. Portanto, o processo de impeachment tem chumbo garantido à partida, tanto mais que não há entre a cidadania dos EUA, um amplo consenso a favor da condenação de Trump — os EUA estão divididos em duas metades que parecem com peso equivalente. 

Há o dever de denunciar mais uma conduta indigna do atual presidente dos Estados Unidos. Sim. Mas o processo de impeachment iria servir para Trump encarniçar o conflito entre o povo (de que ele aparece como porta-voz) e as elites progressistas, ao mesmo tempo que obrigaria republicanos incomodados com o trumpismo a agirem como trumpistas.

Falta pouco mais de um ano para a eleição presidencial que vai decidir se Trump continua até 2024 ou se avança para Washington uma alternativa democrata.

Há múltiplas condutas inapropriadas de Trump que devem ser tema para discussão na longa campanha eleitoral já lançada. O impeachment teria o inconveniente de desviar a atenção dos argumentos racionais e apontar o foco para a inflamação emocional que Trump deseja.

O que este caso Ucrânia desde já provoca, para além da confirmação de Trump como manobrador fora das regras, é que Joe Biden está no meio de suspeitas que fragilizam a ambição de vir a ser presidente. A aposta em Elizabeth Warren para o confronto eleitoral com Trump parece dever ganhar prioridade.

A ter em conta

Passa um ano sobre o macabro assassinato de Jamal Khashoggi. O principal suspeito de ser o mandante do crime cruel está desde o primeiro momento identificado. Mas protegido pelo muito poder.

A Áustria continua à direita mas virou costas à extrema-direita. Depois de Itália, a Áustria é outro país europeu que afasta a extrema-direita do governo.

Observar o voo das aves é um prazer, mas a perda de muito da população europeia de aves é um sério aviso declínio da vida na natureza.

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