O passado e o futuro

António Moura dos Santos
António Moura dos Santos

“Mestre contra aprendiz”, “novo contra velho”, “tradição contra inovação”. Estes são alguns dos clichés mais antigos que há, mas deixem-me servir-me de um deles para dar início a esta sequência.

Passado (mas não enterrado) e futuro da seleção nacional portuguesa estão a defrontar-se hoje em Madrid, com Atlético e Juventus a jogarem entre si na ronda inaugural da Liga dos Campeões.

De um lado, Cristiano Ronaldo, lenda nacional que dispensa apresentações mas que continua com fome de engordar o seu legado infindável de conquistas. Do outro, João Félix, compra recorde, menino de ouro, cuja mira deverá estar em construir um historial tão vasto quanto a do seu adversário de hoje.

Ambos os craques lusos já se defrontaram este ano (amigável em que Félix sorriu), mas agora é a sério. É um duelo quasi-geracional a seguir com atenção.

E já que se fala destas coisas do passado, presente e futuro, há quem acredite que quem é mais antigo tende a ser injustamente ignorado. É por isso que Fernando Loureiro formou o Partido Unido dos Reformados e Pensionistas, para ser voz ativa pelos mais idosos e pelos mais frágeis da sociedade.

Numa conversa com Isabel Tavares, o candidato do PURP às legislativas 2019 deixou bem claro o que o move, defender quem sofre a ameaça de ser parte de um passado pois “quando as pessoas são mais velhas começam a ficar mais vulneráveis”, em particular os direitos dos combatentes do Ultramar, que estão "completamente esquecidos e ostracizados".

Mas nem sempre o passado e o futuro se têm de degladiar, juntos podem ser uma força motriz poderosa. Exemplo disso foi o Ultra Trail do Monte Branco, acompanhado por Miguel Morgado e Pedro Marques dos Santos. Uns mais miúdos, outros mais graúdos, todos os participantes foram desafiados a fazer 170 quilómetros ao longo dos Alpes, galgando as fronteiras entre França, Itália e Suíça.

Se aplicarmos essa mesma lógica à música, veja-se que a rentreé sonora se faz de valores seguros da música portuguesa ao lado de grandes promessas. São Pedro, Marta Reis ou Chong Kwong são valores emergentes que vale a pena ter em conta, mas apenas ficamos a ganhar enquanto vultos da produção nacional como Mão Morta, Carlos do Carmo, Camané e Mário Laginha continuarem ativos.

Por fim, um par de sugestões que de certa forma entram nesta temática do novo e do velho, dois filmes fresquinhos que estreiam amanhã e que falam de outros tempos, gravados com o olhar atual. Ambos gravitam à volta de grandes propriedades senhoriais, tendo como elo em comum passarem-se nos dois países que constituem aquela que é (provavelmente) a mais antiga aliança do mundo.

Por cá, “A Herdade” — segundo a sinopse —  conta a história de uma família dona de uma propriedade latifundiária, e ao mesmo tempo traça "o retrato da vida histórica, política, social e financeira de Portugal, dos anos 40, atravessando a revolução do 25 de Abril e até aos dias de hoje". Recetor do Prémio Bisato d'Oro para Melhor Realização, atribuído por um júri da crítica independente, presente no Festival de Cinema de Veneza, é uma película que vai marcar o panorama cinéfilo português até ao fim do ano.

Já em Inglaterra, uma das séries mais acarinhadas dos últimos anos, “Downton Abbey”, passou a filme, com a família Crowley a ser figurada no grande ecrã. Apesar de ainda não terem estreado nas salas nacionais, os tramas e os dramas dos anos 20 ingleses já foram alvo do olhar atento da Mariana Falcão Santos.

Assim me despeço. O meu nome é António Moura dos Santos e hoje o dia foi assim.

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