Em S. Bento "não há reuniões secretas", mas sim encontros "com discrição"

Beatriz Cavaca
Beatriz Cavaca

Esta foi uma garantia dada pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, depois de ser noticiada uma reunião com o líder do Chega André Ventura.

“Não há reuniões secretas na residência oficial do primeiro-ministro. Há encontros com entidades e personalidades de várias áreas, incluindo líderes políticos, sobre temas de interesse nacional, que ocorrem muitas vezes com discrição e sem a presença da comunicação social”, referiu hoje em comunicado, sem aludir diretamente ao encontro com André Ventura.

Isto pouco antes de André Ventura ter acusado o Governo, em conferência de imprensa, de não ter interesse em fazer nenhuma negociação orçamental e querer provocar eleições, numa ocasião em que criticou quer Luís Montenegro quer o líder do PS, Pedro Nuno Santos.

“Os dois querem sair desta novela do orçamento o melhor possível, sem se responsabilizar pela crise política que o Presidente da República já anunciou que virá se não houver orçamento. É deste espetáculo que o Chega está fora, porque percebeu desde o primeiro momento que o Governo não queria, na verdade, negociar com ninguém”, tinha dito Ventura.

Estes comentários acontecem num dia em que a Iniciativa Liberal também confirmou que o líder do partido, Rui Rocha, esteve hoje reunido com o primeiro-ministro no “âmbito da situação política e das negociações do Orçamento do Estado”, e o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, afirmou que só não haverá Orçamento de Estado para 2025 se o PSD não quiser.

A polémica de ontem

Estas trocas e baldrocas acontecem depois de, este domingo, o primeiro-ministro afirmar estar a tentar marcar uma reunião com o secretário-geral do PS sobre o Orçamento do Estado para 2025 desde 4 de setembro, alegando que tal não aconteceu até agora devido “à indisponibilidade recorrente” de Pedro Nuno Santos — encontro que entretanto ficou agendado para a próxima sexta-feira, às 15h00.

Ao início da noite foi a vez do PS responder e desmentir o executivo.

Pedro Nuno Santos afirmou hoje: “Eu quero deixar claro que não é por causa do PS que não haverá Orçamento de Estado, só não haverá Orçamento de Estado se o Governo não quiser e só haverá eleições antecipadas se o Governo ou o senhor Presidente da República quiserem”.

Na opinião de Pedro Nuno Santos, o envio de um comunicado por Luís Montenegro sobre a negociação com o PS do Orçamento de Estado para 2025 revela “uma falta de vontade de negociar e de criar um bom ambiente negocial”.

“Eu não quero alimentar esta polémica, nem contribuir para a provocação infantil que o Governo acabou por fazer ontem [domingo]”, atirou ainda.

E se não houver orçamento?

Se as dúvidas se mantêm entre governo e oposição, para o presidente é claro que "se não houver orçamento há crise política e económica".

“Hoje é um dia bom porque já está marcada a reunião entre o primeiro-ministro e o líder da oposição. Espero que seja um de vários passos no que considero ser o melhor caminho para Portugal, não é para o partido A, para o partido B, não é para o líder A ou líder B, é bom para Portugal porque dispensa crises”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

Questionado sobre se caso não haja Orçamento aprovado haverá eleições antecipadas, respondeu: “Se não houver orçamento há crise política e económica”, disse.

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