A Fundação Gulbenkian queria perceber o que acontece numa escola em que os ‘tablets’ fazem parte do dia-a-dia e para isso distribuiu equipamentos por todos os alunos e professores e, durante dois anos letivos, dois investigadores acompanharam todo o processo.

O professor universitário José Luís Ramos, um dos autores do estudo “’Tablets’ no Ensino e na Aprendizagem. A sala de aula Gulbenkian: Entender o presente, preparar o futuro”, começa por sublinhar que os alunos não são todos iguais, não utilizam as tecnologias da mesma maneira nem com os mesmos fins.

Além disso, acrescenta, os resultados do estudo não podem ser extrapolados para a realidade nacional, uma vez que foram acompanhadas apenas duas turmas de uma escola de Lisboa.

No entanto, notou-se "maior motivação e uma atitude mais positiva para com a escola e a aprendizagem" entre a maioria dos alunos.

Regra geral, “os alunos que mais utilizaram os ‘tablets’” foram também “os que mais aprenderam”, diz o professor, considerando que “os ‘tablets’ podem ser um recurso muito interessante para a aprendizagem dos alunos”.

Alunos e professores receberam um ‘tablet’ “que podiam usar como quisessem”, contou à Lusa o professor, sublinhando que houve um ou outro encarregado de educação que não ficou agradado com a ideia de o seu filho estar ligado em rede 24 horas por dia e que acabou por proibi-lo de tocar nos aparelhos.

Houve alunos que usaram os ‘tablets’ com muita intensidade para diversão, outros que os usaram pouco, mas de forma eficiente, segundo o estudo que será apresentado terça-feira na Fundação Calouste Gulbenkian.

Alguns alunos utilizaram a tecnologia a seu favor, enquanto outros baixaram as notas: "Sabemos que alguns alunos tiveram alguma dificuldade em gerir o seu tempo", concluiu o professor.

Durante dois anos, os investigadores conseguiram acompanhar a utilização do uso dos ‘tablets’, graças a um dispositivo de investigação, que passava pela observação de aulas, gravação de aulas - "tivemos mais de 500 horas de aulas gravadas" - entrevistas a alunos e a professores, explicou José Luís Ramos.