O primeiro-ministro defendeu este sábado, na 28.ª Cimeira Ibero-Americana, que os países do espaço ibero-americano devem constituir uma "aliança para a transição energética". O apelo, alinhado com as expectativas dos empresários, surge um dia depois da CEO da Altice Portugal lembrar que "não há transição energética sem transição digital".
Ana Figueiredo participou no XIV Encontro Empresarial Ibero-Americano, que teve lugar no âmbito do encontro internacional de líderes de governo, e reforçou a importância da digitalização para o desenvolvimento socioeconómico dos países. Para tal, referiu, é fundamental "promover ferramentas digitais e capacitar as pessoas para a transformação digital".
Neste sentido, deu o exemplo de Portugal, que "estava na periferia do mundo europeu" e passou a assumir "um papel central", graças à tecnologia. Esta transição assentou em três pilares: o desenvolvimento das redes 4G, 5G, fibra ótica e banda larga; uma democratização no acesso à tecnologia e o desenvolvimento de competências digitais nas empresas, escolas e nas instituições públicas, enumerou.
Neste contexto, reafirmou, a Altice está "muito ciente do seu papel e importância na transformação digital", lembrando que "não há transição energética sem transição digital".
Portugal e Espanha, no contexto deste encontro internacional, são, disse, "os países com os maiores níveis de desenvolvimento digital e tecnológico", pelo que "têm uma responsabilidade adicional de colaborar" com as restantes nações aqui representadas.
As declarações da gestora estão em linha com o desafio trazido por António Costa a esta cimeira: "nós devemos ser uma grande aliança para a transição energética, porque temos todas as condições para isso. Desde logo, recursos", disse.
Nesse sentido, o primeiro-ministro português lembrou que "as maiores reservas do mundo de lítio estão aqui na América Latina" e "as maiores reservas de lítio na Europa estão em Espanha e em Portugal".
Por outro lado, salientou que Espanha e Portugal acordaram com França a construção de um gasoduto para o transporte de hidrogénio. "O que significa que esse hidrogénio verde que pode ser aqui produzido, pode ser transportado por barco, pode ser depois distribuído para toda a Europa, para o centro da Europa", acrescentou.
Costa apontou ainda o "cabo digital de alta qualidade" entre a América Latina e a Europa: "É uma gigantesca oportunidade para desenvolvermos em conjunto toda a economia com base nos dados, com base na inteligência artificial. E essa infraestrutura deve ser posta ao serviço do desenvolvimento de todos nós".
A comunidade ibero-americana também pode "fazer a diferença" na proteção dos oceanos e no aproveitamento dos seus recursos, e deve "reforçar a cooperação no domínio da educação, no domínio da investigação científica, no domínio da inovação tecnológica", acrescentou.
Para materializar o desafio, António Costa anunciou ainda que Portugal tomou a iniciativa de constituir um fundo, que arranca com um milhão de euros, para a cooperação entre a comunidade ibero-americana e a CPLP.
Na cimeira de Santo Domingo, na República Dominicana, sob o lema "Juntos por uma Ibero-América justa e sustentável", estiveram representados ao mais alto nível 13 dos 22 países da comunidade ibero-americana.
Estiveram presentes os chefes de Estado do Equador, que acolherá a próxima cimeira, Espanha, Portugal, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Honduras, Paraguai e Uruguai, além do país anfitrião, República Dominicana, e os chefes dos governos português e espanhol.
Dois dos ausentes foram os presidentes do Brasil, Lula da Silva, e do México, López Obrador, as duas maiores economias da América Latina. Lula da Silva não se deslocou à República Dominicana por ter agendada uma visita à República Popular da China, entretanto adiada por motivos de saúde.
A comunidade ibero-americana é composta por 22 países, dos quais três europeus, Portugal, Espanha e Andorra, e 19 latino-americanos: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela, México, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Panamá, Cuba e República Dominicana.
A primeira cimeira desta comunidade realizou-se em 1991, em Guadalajara, no México. Os encontros de chefes de Estado e de Governo repetiram-se, com periodicidade anual, até 2014. Desde então, passaram a ser de dois em dois anos.
Em regra, Portugal tem sido representado nas cimeiras ibero-americanas conjuntamente pelos chefes de Estado e de Governo.
*Com Lusa
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