Este novo método "traz vantagens ambientais muito grandes porque deixamos de ter explosões e perturbações nas redondezas das minas, não precisamos camiões para transformar o minério para a superfície e evitamos a contaminação do nível freático", disse à Lusa Eduardo Silva, responsável pelo "¡VAMOS!"(Viable Alterantive Mine Operating) do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC).

O projeto "¡VAMOS!", iniciado em 2015, tem um investimento total de 12,6 milhões de euros, 9,2 milhões dos quais financiados pela Comissão Europeia, e conta com parceiros de Portugal, do Reino Unido, da Bélgica, de Espanha, da Holanda, da Bósnia e Herzegovina, da Áustria, da Eslovénia e da Alemanha.

O protótipo em desenvolvimento é uma máquina de mineração de supervisão remota, composta por uma ferramenta que vai partindo a rocha que, por sua vez, é aspirada até à superfície, onde está um sistema que dá apoio à mineração, explicou.

De acordo com o investigador, nos processos tradicionais de mineração retira-se a água da mina para se proceder à extração dos minérios, o que acarreta "um problema ambiental grave".

Esse problema, continuou, pode ser resolvido com recurso a um equipamento como o desenvolvido neste projeto, que não obriga à retirada da água.

"Durante muitos anos, a Europa deixou de se preocupar com a extração de matérias-primas básicas, tendo as forças do ambiente e económicas começado a ganhar avanço em relação à mineração no século XX, depois da segunda guerra mundial", indicou.

Devido a isso, continuou, a mineração na Europa foi assim diminuindo ao longo do tempo e, atualmente, cerca de 96% das matérias-primas são importadas de países africanos ou da America Latina, da China, da Índia e da Austrália.

"Se de um momento para o outro estas ligações e alianças desaparecessem, a Europa ia estar muito mal, porque não ia ter matéria-prima para alimentar a sua indústria", continuou.

Eduardo Silva contou que, desde há alguns anos, os países europeus decidiram voltar a analisar a hipótese de aumentar o seu investimento em extração, visto que existem na Europa aproximadamente 30 mil minas abandonadas, das quais cerca de duas mil são a céu de aberto.

O primeiro teste com este protótipo foi realizado no Reino Unido, no final do mês de outubro.

"Estamos muito satisfeitos com os resultados positivos desta primeira fase de testes", destacando-se "o facto de termos conseguido superar os problemas civis e ter tido bom acesso ao poço em Lee Moor" no Reino Unido, indicou Stef Kapusniak, coordenador técnico do projeto, referido num comunicado do INESC TEC a que a Lusa teve acesso.

Outros pontos a destacar são "o aumento da capacidade de diferenciação dos minerais", "o processamento de dados quase em tempo real", o fornecimento de "boas imagens aos pilotos" e o "bom funcionamento dos sistemas de controlo integrado", acrescenta o responsável pelo projeto no Reino Unido, que vai estar no Porto entre quarta e quinta-feira, para participar na conferência Strongmar - Um Mar de Tecnologia, na biblioteca Almeida Garrett.

Já Eduardo Silva garantiu que estão "muito contentes" com os resultados alcançados até esta fase do projeto, garantindo que esta nova forma de minerar vai contribuir para a recuperação da indústria mineira europeia.

"Numa primeira fase, permitindo considerar voltar à atividade numa parte substancial de minas abandonadas nos últimos anos e, numa segunda fase, contribuindo com tecnologia para a mineração do mar profundo", disse ainda.

O protótipo está a ser desmobilizado no Reino Unido e preparado para ser transportado até ao próximo local de demonstração, onde serão realizadas experiências em minas com condições distintas.

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