Nos últimos 8 anos, o Núcleo de Estudantes de Bioengenharia – FEUP/ICBAS tem organizado o Symposium on Bioengineering, uma conferência na área da Bioengenharia. Com o objetivo de promover a comunicação e partilha entre alunos, oradores, indústria e startups, este evento quer "inspirar a próxima geração de investigadores e engenheiros”.

Esta 9ª edição do simpósio, a decorrer entre 14 e 15 de abril, tem como slogan “Solving Tomorrow, Today”, de forma a demonstrar “de que maneira os avanços atuais na tecnologia vão permitir resolver os problemas futuros”.

"A ideia do simpósio é representar as três grandes áreas da Bioengenharia que existem na FEUP: a Engenharia Biológica, mais relacionada com os processos industriais, produção de cerveja, produção de iogurte; a Biotecnologia Molecular, mais relacionada com as terapias transgénicas, com as células e com tudo o que é mais pequeno; e a Engenharia Biomédica, mais focada na parte da eletrónica, da informática, na aprendizagem computacional e inteligência artificial”, explica Paulo Maia, responsável pelo departamento de comunicação.

“Estamos a falar de um congresso organizado exclusivamente por estudantes. O nosso propósito é dar a conhecer o que se faz nesta área e acho que temos tido muito sucesso nisso. Este ano vamos ter cerca de 450 participantes e temos gente de todo o país — Aveiro, Braga, Coimbra — e do estrangeiro também, principalmente os que estão cá a fazer mestrado e acabaram por se inscrever”.

Entre os oradores há quem venha de longe. “Na área da Engenharia Biológica vamos ter o Mark Post, um investigador da MosaMet na Holanda, que vai mostrar-nos a aplicação de Engenharia de Tecidos para criarmos hambúrgueres em laboratório e pode vir a resolver problemas alimentares a longo prazo, mas é uma tecnologia que de momento ainda é muito cara”, começa por explicar.

“Na área de biotecnologia molecular virá o Ben Berkhout, que vai mostrar aplicações de uma técnica de edição genómica para o tratamento do HIV, que é uma técnica que tem sido muito falada e já esteve para ganhar um Nobel, mas não chegou a ganhar. Temos também o Stefano Pluchino que usa células estaminais para tratar lesões da medula espinal, que é um dos grandes problemas de hoje em dia — as pessoas ficam paralisadas e tentam-se desenvolver tecnologias para [resolver] isso. E na área da engenharia biomédica temos o Quentin Stafford-Fraser, por exemplo, que vai falar do uso de técnicas de reconhecimento facial para a deteção de expressões de dor em ovelhas”.

Contudo, a Bioengenharia nacional também estará bem representada no Simpósio, com os mais variados temas. “Vamos ter uma palestra do professor Aurélio Campilho a falar sobre as aplicações de Deep Learning para a deteção da Retinopatia Diabética. Esta técnica tem vindo a crescer muito nesta comunidade de diagnósticos por computadores, porque há excelentes resultados e hoje em dia temos muito dados — esta técnica precisa de muitos dados para ‘aprender a aprender’ as coisas. Também vamos ter o João Mano que vai falar de biomateriais para encapsulamento de células, também para Engenharia de Tecidos e, na área da resistência aos antibióticos, no ramo da Engenharia Biológica, temos a Cecília Calado que vai falar em plataformas para a descoberta de novos antibióticos e também é um tema que está em voga. Vai ser provavelmente o grande problema nos próximos 20 anos”, esclarece Paulo.

Com este leque variado, “a ideia principal do congresso é dar para toda a gente, mesmo que as pessoas estejam só numa destas áreas. Queremos incentivar aqui um ambiente de multidisciplinariedade. A nossa ideia é que os participantes falem uns com os outros, que vejam o que gostam de fazer e talvez no futuro venham a trabalhar juntos. Já temos alguns casos de pessoas que falaram com os oradores e arranjam um Erasmus [nos países deles] e são casos de sucesso”, diz.

As iniciativas começaram já esta sexta-feira, 13 de abril, com um conjunto de visitas a empresas, startups e ao i3s, além de workshops de Design Thinking e Soft Skills. Olhando para sábado e domingo, esperam-se inúmeras palestras, com “cerca de quatro painéis por dia, dois deles transversais e os restantes focados nas três áreas”.

O evento contará ainda com sessões de Speed Dating e um Jantar Social, onde os participantes podem aproveitar para fazer networking. Há ainda a possibilidade de contribuir para uma causa solidária — o Centro de Reabilitação Nutricional Pfuka U Famba — durante a inscrição ou o evento.

A edição passada contou com 360 participantes — maioritariamente alunos — e 41 moderadores e oradores.


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