Eduardo Piairo, da comunidade de DevOps do Porto, conta ao SAPO24 como começou o DevOpsDays que terá lugar a 3 e 4 de junho, em Lisboa. "A conferência surge da vontade das duas comunidades em traduzir o trabalho que tem sido desenvolvido nas duas cidades, que é juntar pessoas, empresas e outras instituições para discutir tópicos relacionados com o tema DevOps. Em Portugal o tema só surge por volta de 2013/14, quando começou a ganhar alguma relevância. As empresas, tanto internacionais como nacionais, adotam algumas ideias que nasceram com este movimento", começa por explicar. É essa a premissa das comunidades DevOps Lisbon e DevOps Porto, que existem desde 2016, e que se juntaram para organizar, pela primeira vez, a conferência DevOps Day em Portugal.

O DevOpsDays teve início na Bélgica, em 2009, e a partir daí tem sido estendido a outros países. Quanto ao termo DevOps, este é uma junção das palavras development [desenvolvimento] e operations [operações], sendo uma prática de engenharia de software com o objetivo de unificar o desenvolvimento e a operação de software.

Mas, afinal, para que serve esta prática? "Isto [o DevOps] nasce como uma resposta, em algumas organizações, à distância que existe entre o desenvolvimento de software — tanto de produtos como de projetos — e entre as operações, ou seja, as pessoas que fazem manutenção, instalação, configuração e por aí fora. Tudo surge nas grandes empresas, porque é de facto onde existe essa distância. O movimento defende que as duas partes devem usar a mesma linguagem para facilitar a comunicação, alinhar prioridades e métodos de trabalho", refere. Mas por sua vez, explica, as startups, "por serem pequenas, já têm o movimento DevOps, digamos, de forma natural".

Nas empresas, "a melhor imagem [para se perceber o movimento] são todas as tentativas de alinhar as prioridades de forma a que o atrito entre as duas partes seja o menor possível. Ou seja, se o objetivo for entregar uma casa, vai ter de se contratar diferentes empresas, diferentes intervenientes — canalizadores, eletricistas, construtores... — e a tentativa das empresas com DevOps é alinhar todas essas partes, tentando reduzir o atrito que normalmente está associado ao processo de comunicação, à passagem de informação de um lado para o outro, de modo a acelerar a entrega". 

No fundo, "os developers desenvolvem o código e os operadores são aqueles que colocam esse código a correr nas máquinas. Ou seja, o ciclo não termina quando o código está pronto, depois é preciso manter esse código vivo de modo a que o cliente possa usar devidamente o produto", remata.

Ao longo de dois dias — 3 e 4 de junho — as instalações da EDP, em Lisboa, recebem o evento. A ideia é alternar com o Porto e outras cidades do país. O conteúdo privilegiado nesta conferência é o de experiências reais de adoção de práticas DevOps em Portugal e noutros países, de forma a "escalar o que vamos fazendo e a trazer o que está a ser feito lá fora", refere Eduardo.

"O modelo DevOps Days foi-se tornando, ao longo dos tempos, uma marca em termos de conferência. Nós escolhemos este formato porque é já uma plataforma de conhecimento e suporte. Lisboa chegou a uma maturidade em que temos já um conjunto de membros — no Porto são cerca de 1.600 e em Lisboa cerca de 3.000 — como base de apoio e faz sentido avançar. É agora!", diz.

Ao longo dos dias vão passar pelo evento vários oradores que apresentaram a sua proposta de conferência — foram submetidas 130 e escolhidas 16 —, tendo ainda dois keynote speakers convidados.

"Elegemos dois grandes temas [para o DevOpsDays]: relatórios de campo — o que as empresas estão a fazer no contexto real, como é que estão a adotar práticas, valores e orientações DevOps — e CALMS [Culture, Automation, Lean, Measurement, Sharing], que são cinco pilares do movimento DevOps e que permite fazermos sessões sobre eles; é uma vertente mais técnica da adoção do movimento", explica Eduardo Piairo.

Ainda existem bilhetes disponíveis, até dia 2 de junho, num valor de 100€, que incluem acesso a todas as conferências e ainda a alimentação no espaço — coffee breaks e almoço. A organização espera "ter entre as 200 e as 250 pessoas no evento, sendo que já foram atingidas cerca de 50% das inscrições".