A ideia de explorar a área dos transportes no âmbito dos veículos aéreos não tripulados, ('drones') não é de agora. Surgiu há cerca de seis anos, quando Eduardo Mendes e um colega estavam a fazer o doutoramento na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).
"Descobrimos que precisávamos de nos focar num setor específico e, depois de analisarmos os vários setores, chegámos à conclusão de que o lugar mais útil destes veículos seria na área do transporte", explicou, em declarações à Lusa, Eduardo Mendes, adiantando que foi daí que nasceu a 'spin-off' Connect Robotics.
Rapidamente, a empresa nascida e sediada na UPTEC começou a fazer demonstrações de "como estes veículos poderiam ser úteis, seguros e eficientes" no transporte de mercadorias.
"Fizemos uma demonstração nos CTT (Correios de Portugal) de Canelas, de um posto de distribuição até a um cliente, e em Lisboa, de um centro de distribuição em Cabo Ruivo até aos escritórios dos CTT no Parque das Nações. Na mesma altura, também fizemos uma demonstração para a Santa Casa da Misericórdia, onde transportávamos marmitas até idosos que estavam em aldeias", contou.
Foi a partir destas demonstrações que chamaram "à atenção do setor da saúde”, para quem este sistema "é uma necessidade".
"Fomos contactados pelo diretor da farmácia da Lajeosa do Dão, em Viseu, e foi com ele que estabelecemos o primeiro contrato", afirmou Eduardo Mendes, acrescentando que "tal não seria possível" sem a autorização da Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) e do Infarmed.
Neste momento, o dispositivo, que transporta até um quilo de mercadoria, está instalado na farmácia da Lajeosa do Dão e permite que a instituição faça a distribuição dos medicamentos até às associações e lares de idosos.
Segundo Eduardo Mendes, a equipa da Connect Robotics, que não desenvolve os 'drones', mas os otimiza para o transporte, está agora a trabalhar numa "nova versão do contentor", por forma a "aumentar a sua capacidade".
À Lusa, o responsável adiantou que, em breve, "vão mostrar os resultados" obtidos através desta tecnologia ao Infarmed, para que possam, futuramente, “alargar o negócio a outras farmácias" do país.
"Na área farmacêutica, em 2018, concorremos ao prémio João Cordeiro, de inovação em farmácia e ganhamos. Chamamos a atenção da Associação Nacional das Farmácias e inclusive, depois disso, outras farmácias entraram em contacto connosco. Por isso, a ideia é, assim que tivermos a autorização do Infarmed, começarmos a trabalhar com outras farmácias", referiu.
Além da aplicação destes equipamentos ao transporte de medicamentos, a Connect Robotics está também a trabalhar com um hospital de Lisboa para, futuramente, fazer o transporte de análises clínicas.
"Estamos num processo de autorizações, porque em Lisboa, no Porto e em Faro, o processo é mais complicado, por tratar-se de espaços aéreos controlados", concluiu.
A solução desenvolvida pela Connect Robotics, que emprega três colaboradores, está hoje a ser apresentada na UPTEC no âmbito do TechNorValue, um programa que visa promover a inovação de Pequenas e Médias Empresas (PME) da região Norte.
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