Esta é a história da participação de Pedro Ferreira no EUvsVirus, contada na primeira pessoa pelo empreendedor português, radicado em Frankfurt, que, neste âmbito, integrou a equipa do projeto Guide Your Guide e assumiu funções de Matchmaker [facilitador de contactos], no domínio Trabalho Remoto e Educação, e de Recrutador de Parceiros.
Talvez ainda seja cedo para conclusões definitivas, mas no meu caso, e depois de quase noventa dias em casa, gostava de partilhar convosco uma das experiências mais enriquecedoras e inspiradora que vivi, não só neste período de crise, mas ouso até afirmar, em mais de uma década de experiência que tenho no mundo das startups e em países como França, Espanha, Portugal e Alemanha.
Venho partilhar convosco um pouco como está a ser a minha experiência numa plataforma chamada #EUvsVirus. Para contextualizar, o #EUvsVirus é uma iniciativa promovida pela Comissão Europeia em estreita colaboração com todos os estados membro da UE e que procura juntar indivíduos, o setor público, empreendedores e investidores no desenvolvimento de soluções inovadoras de curto prazo, no contexto dos desafios ligados à Covid-19.
Para quem, como eu, trabalha com ecossistemas de startups e sabe o quão demorado e difícil é desenvolver este tipo de iniciativas, é muito gratificante ver um crescimento desta dimensão, com tanto impacto e tantos resultados práticos em tão curto espaço de tempo, especialmente, tendo em conta que a maior parte dos envolvidos não estavam conectados e nada disto estava nos planos para 2020. Faço parte de diferentes plataformas de apoio ao empreendedorismo, algumas de escala internacional e com números e impacto igualmente interessantes, das quais também me orgulho, mas que tenho conhecimento que se terão desenvolvido durante anos e certamente com diferentes valores, objetivos, estruturas, realidades e resultados.
Esta plataforma permitiu-me, no último mês, trabalhar lado a lado com as diferentes entidades envolvidas: com a própria organização, com diferentes equipas em diversas áreas tais como Artes, Entretenimento, Novas Formas de Trabalho ou Educação e, ainda, com parceiros sociais, empresas privadas ou universidades, todos eles multinacionais. O grau de dedicação voluntária e da energia e compromisso de todas as partes foi algo partilhado por todos, não obstante as diferentes nacionalidades envolvidas ou as extremas dificuldades que estamos todos a viver a nível pessoal. Reforço que muitos foram os obstáculos causados pela situação que vivemos agora e que antes desta pandemia não se teriam verificado.
Gostaria ainda de salientar nesse contexto, que também o nível de envolvimento de portugueses me deixou particularmente satisfeito, quer pelo número de participantes, quer pela interação, que se deu tanto a nível local, como a um nível mais global.
Sobretudo, quando o impacto da pandemia Covid-19 se revelou bastante negativo para as startups, tanto portuguesas como europeias, particularmente em termos de investimento. Apesar disso, acredito que este não deixa de ser um período essencial para novas ideias, soluções, projetos e empresas, como estas, que nascem para dar solução às novas realidades. O facto de existir uma plataforma que apoia esse processo de incubação e aceleração de forma descentralizada e promovendo sinergias transparentes entre todos os stakeholders internacionais com o propósito comum de apresentar um conjunto de empresas que poderão ajudar cidadãos, países e, em larga escala, toda a União Europeia, deveria ser mais amplamente "celebrado".
Como referido por Mariya Gabriel (Comissária para Inovação, Pesquisa, Cultura, Educação e Juventude na Comissão Europeia), o que experienciámos nesta plataforma é um ótimo exemplo do espírito cooperativo europeu e um caso exemplar pela resposta de todas as entidades envolvidas. Os números são factos que falam por si. Mas quem esteve, e está, por dentro sentiu na pele algo único a nível mundial no panorama das startups. Em menos de um mês, foram criadas ou otimizadas mais de uma centena de empresas com o trabalho de múltiplas instituições, mentores e profissionais de toda a Europa, que o fizeram de forma bastante eficiente, descentralizada e exclusivamente online.
Aproveito esta oportunidade para convidar todos aqueles que por desconhecimento ou falta de tempo ainda não visitaram o site #EuvsVirus e a tentar ter um papel ativo. Qualquer ajuda é útil. Nunca como agora foram necessárias novas soluções e o papel do empreendedorismo teve tanto relevo. Nunca como agora o papel dos ecossistemas foi tão decisivo no sucesso de projetos, políticas, empresas e no impacto das vidas de todos nós cidadãos.
Em género de conclusão, partilho aquela que talvez seja essa a minha maior aprendizagem. Em maio, mês em que celebrámos os 70 anos da União Europeia (os 70 anos da declaração de Schumann), e num ano em que estamos a ser fustigados por problemas de natureza política, económica, mas sobretudo de saúde pública, a solidariedade e, principalmente, a união parecem ser o caminho para o futuro.
Pedro Ferreira é um empreendedor em série, apaixonado por inovação, tecnologias exponenciais e formas de impactar positivamente o mundo. Estudou Gestão e Marketing no ISCTE e trabalhou em cidades como Lisboa, Madrid, Paris ou Frankfurt, sempre com startups e scaleups. Está há 10 anos radicado na Alemanha, onde é CEO & Founder da Xperience Plus.
Versado em equipas multiculturais, e na coordenação de projetos multidisciplinares, esteve também envolvido em plataformas globais, como o Founder Institute ou a Singularity University. Decidiu participar ativamente do #EUvsVirus, com a equipa de um dos projetos ali desenvolvidos, o Guide Your Guide, mas também como voluntário da operação, funcionando como Matchmaker, no domínio Trabalho Remoto e Educação, e como Recrutador de Parceiros.
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