“Todos nós temos a perfeita noção de que aí veem momentos complicados e que temos de trabalhar em equipas, multidisciplinares, desde organizações não-governamentais às governamentais”, disse à Lusa Fernando Nobre, presidente da AMI, à margem da 11.ª edição do Young European Scientist Meeting (YES Meeting), evento que está a acontecer na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto até ao próximo domingo, dia 18.
Em entrevista à agência Lusa, o presidente da AMI frisou que o “nível dos desafios” que se prepara para o futuro, seja a nível ambiental com as alterações climáticas, seja a nível de epidemias com a deslocação em massa de populações é de tal ordem que “não há nenhuma organização neste mundo”, nem “nenhum país neste mundo capaz de resolver a questão ‘per si’”, e, por isso, é preciso trabalhar em equipa, considerou, recordando o que aconteceu nos EUA, em Nova Orleães, com o furação Katrina e que é a “primeira potência económica e militar mundial”.
“Quando a natureza espirra, todos nós apanhamos uma pneumonia e das valentes”, reconheceu Fernando Nobre, sublinhando que para fazer face a “esse espirro da natureza” tem de haver “boa vontade”, “conhecimento”, “preparação”, mas também, pelo lado dos médicos, há que haver “critérios” para não haver “alarmismos desnecessários”.
Segundo o médico e presidente da AMI, as alterações climáticas vão nos “interpelar de forma violenta”, porque a saúde é uma situação de “bem-estar global”, ou seja bem-estar físico, psíquico, social, económico e ambiental.
“Estamos todos conscientes de que novas epidemias vão surgir” com a deslocação em massa de populações, adiantou Fernando Nobre, informando que se prevê, por exemplo, que só nos próximos 20 a 30 anos “um terço do Bangladesh estará submerso” e que um país que já tem 170 milhões de habitantes, isso significa que vai haver uma deslocação aproximativamente “de 40 milhões de pessoas” só daquele país.
Fernando Nobre participou hoje numa mesa-redonda sobre Saúde Global com elementos da Organização Mundial de Saúde (OMS), designadamente Cristopher Dye e Shoaib Hassan, onde se discutiu a relação entre médicos, cientistas e investigadores e os ‘mass media’.
Fernando Nobre apelou que “cada um” dos intervenientes falasse verdade” e que se tinha de saber entender que da outra parte, do lado da comunicação social, nem há sempre os mesmos conhecimentos científicos que os médicos têm, aconselhando a que tem de haver um compromisso de reciprocidade entre todos.
Numa plateia com estudantes de medicina vindos da Roménia, Bósnia, Turquia, Portugal, entre outros países, que participaram na mesa-redonda houve uma das ideias que se destacou na conclusão do debate e que foi a da foi que de futuro, tanto do lado do jornalistas, como médicos, terá de haver um aumento de conhecimento, tanto na área da especialização em saúde por parte dos jornalistas, como haver também conhecimentos na área da comunicação da parte dos médicos.
“Para comunicar aspetos de ciência e medicina é preciso confiar em alguns jornalistas, porque a Internet está fora de controlo com algumas páginas que não são credíveis”, referiu um dos convidados da OMS.
Ébola, Malária, Zika, gripe, fontes credíveis, sistemas de saúde, como se passa a informação de saúde pública à sociedade, foram outros dos temas discutidos na mesa-redonda sob o tema ‘Media approach to Medicine and New global Challenges (Aproximação dos Media à Medicina e novos desafios globais).
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