A estrutura chama-se "Funeral Booking", é gerida pela empresa homónima com sede no Centro Empresarial de Santa Maria da Feira (CEF), no distrito de Aveiro, e tem já 60 agências funerárias inscritas no site, que é de utilização gratuita para o cliente final e, durante o primeiro mês, ainda aceita a adesão sem custos por parte dos operadores do setor que queiram associar-se ao projeto.

O conceito partiu do empresário Paulo Seco, que, após vários anos a trabalhar no setor da saúde e em contacto com estruturas residenciais para idosos, decidiu apostar "num serviço que, embora de utilidade tão óbvia, ainda não estava disponível no mercado".

Em declarações à Lusa, o diretor-geral da Funeral Booking explica: "No momento já de si difícil da morte de uma pessoa querida, o que acontecia é que as respetivas famílias se viam obrigadas a correr várias funerárias para escolherem uma oferta adequada ou então, para evitar dificuldades num momento em que não têm condições emocionais para isso, se sujeitavam à que estivesse mais próxima, independentemente dos preços que ela pratique ou da qualidade do seu serviço".

O projeto de Paulo Seco permite agora a possibilidade de todos os elementos relativos ao funeral serem escolhidos "a partir de casa, com privacidade e conforto, e com muito mais transparência em termos de oferta comercial, o que garante maior elevação a um setor que, infelizmente, se mantém inalterado há décadas, só se modernizou ao nível de matérias-primas e ainda trabalha muito à porta-fechada".

Acedendo ao site Funeral Booking, o utilizador começará por indicar se pretende inumação ou cremação, se precisa de transporte aéreo para o cadáver, se pretende velório e em que data. Depois pode pesquisar por nome ou localidade a lista de funerárias com oferta desses serviços, após o que tem ainda a opção de escolher o tipo de urna, as madeiras utilizadas, a quantidade de pagelas a imprimir, etc.

Quando o cliente tiver selecionados todos esses itens e verificado os respetivos preços, a funerária escolhida é contactada através da plataforma e terá que confirmar a sua disponibilidade para o serviço via email ou por telefone no período máximo de quatro horas.

O pagamento será efetuado diretamente às empresas lutuosas, sem intervenção da Funeral Booking e em parcelas prévias "de 0% a 100% consoante o operador". Uma vez concretizado o serviço, o cliente pode deixar no site uma avaliação ao desempenho da entidade que contratou, classificando a sua prestação em aspetos como apoio social, capacidade de resposta no período pré-reserva, disponibilidade dos funcionários, adequação das instalações físicas e qualidade dos meios de transporte, entre outros.

Assegurando que "este é o primeiro serviço do género na Europa", Paulo Seco nota que, mesmo a nível mundial, "quase não há concorrência" porque só conhece "uma plataforma online idêntica na Austrália e outra no Brasil". Para o fundador da Funeral Booking, isso significa que "Portugal vai poder quebrar o paradigma do setor funerário e fazê-lo avançar para o mundo digital", proporcionando às empresas lutuosas "um novo canal de vendas numa altura em que a pandemia de covid-19 torna esta evolução tecnológica ainda mais lógica e necessária".

“Separar trigo do joio”

O presidente da Associação Nacional de Empresas Lutuosas (ANEL) defendeu hoje que a plataforma online destinada a funcionar como central de reservas para cerimónias fúnebres vai garantir maior transparência ao setor e "separar o trigo do joio".

Em declarações à Lusa a propósito da empresa "Funeral Booking", apontada como uma inovação europeia por reunir na mesma página de internet dezenas de agências funerárias de todo o país, Carlos Almeida prevê que nem todos os empresários do setor demonstrem a mesma recetividade para com este "avanço tecnológico", mas afirma que esse é "o caminho do futuro - sobretudo tendo em conta como a covid-19 veio alterar tudo" e reforçar o papel dos negócios online.

"Estamos a falar de empresas de base muito familiar, em que os responsáveis com mais idade não estarão tão familiarizados com estas tecnologias como os mais jovens, mas acredito que os dois formatos vão poder complementar-se, com os profissionais mais velhos a focarem-se no tratamento presencial e os mais novos a gerirem as questões do comércio eletrónico", afirma o presidente da associação, que conta com 578 associados e representa 60% do setor.

Carlos Almeida aponta três grandes vantagens à Funeral Booking: "Vem abrir um novo canal de vendas" para os agentes funerários, "vai facilitar a vida ao cliente" ao permitir-lhe contratar o serviço a partir de casa, "com maior conforto e sem tanta exposição pessoal num momento que é sempre doloroso", e permitirá "separar o trigo do joio, por dar a conhecer de forma clara, direta e transparente os preços praticados pelas diferentes empresas, sem jogadas de bastidores".

Admitindo que a maioria das agências funerárias "ainda se recusa a ter uma tabela de preços exposta ao público", o que leva a que "certos operadores determinem o preço do serviço de acordo com a aparência do cliente" que os procura no estabelecimento, o presidente da ANEL realça: "Se uma empresa não quiser estar na plataforma, isso, por si só, já dirá alguma coisa sobre a forma como ela trabalha".

Para Carlos Almeida, a indicação online dos preços de urnas, transportes, pagelas e outros serviços associados a diferentes tipos de cerimónias fúnebres terá ainda um outro efeito positivo na generalidade do setor: "Cria uma abertura que gera concorrência saudável, o que faz sempre elevar os padrões de qualidade de qualquer ramo de atividade".

O mesmo princípio se aplica ao facto de a Funeral Booking permitir ao cliente avaliar o desempenho da empresa lutuosa após a execução do serviço, incentivando uma classificação de desempenho com base em diversos critérios. "A empresa que está de boa-fé não vai querer ter críticas negativas e vai esforçar-se mais por não desiludir o cliente", conclui o presidente da ANEL.

(Artigo atualizado às 08:06)

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