Um estudo que analisou jogadores, com mais de 18 anos, de "Animal Crossing", da Nintendo, e do "Plants vs. Zombies: Battle for Neighborville", da EA, sugere que pessoas que jogam mais tendem a reportar um maior "bem-estar". Os resultados contrapõem alguns dos relatos de que os jogos prejudicam a saúde mental.

"Ao contrário dos receios generalizados de que muito tempo a jogar pode provocar vício e prejudicar a saúde mental, encontramos uma pequena correlação entre jogos e o bem-estar", afirmam os autores.

"Os resultados favorecem a ideia de que os jogos online oferecem uma alternativa satisfatória aos encontros presenciais neste momento excecional" de contactos restritos, devido à pandemia do novo coronavírus, afirma Matti Vuorre, um dos autores do estudo, à AFP.

Os videojogos, especialmente online, são frequentemente acusados de afetar a saúde psicológica dos jogadores e estudos anteriores reprovaram o efeito de longos períodos nos mais jovens.

Desde 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o vício em videojogos como uma doença psicológica, "uma decisão criticada por muitos investigadores", segundo Vuorre.

No entanto, este foi um dos primeiros estudos a usar dados reais de tempo de jogo. A equipa da Universidade de Oxford relacionou questionários psicológicos com dados fornecidos pelos criadores de jogos, Electronic Arts e Nintendo of America, sobre quanto tempo os inquiridos passaram a jogar. Já os estudos anteriores eram apenas baseados nos tempos reportados pelos jogadores, sem possibilidade de verificação.

Num comunicado, autor do estudo e professor Andrew Przybylski explicou que ao trabalhar com a EA e Nintendo foram capazes de, pela primeira vez, “questionar a relação entre forma de jogar e o bem-estar". O autor refere ainda que "precisam de colaborações mais amplas e profundas com a indústria para estudar o impacto dos jogos numa amostra mais vasta e diversificada de jogadores ao longo do tempo".

As pessoas que jogaram uma média de mais de quatro horas por dia "Animal Crossing" consideravam estar mais felizes.

Este jogo e o "Plants vs. Zombies" têm gráficos coloridos semelhantes aos de desenhos animados e nenhum deles está relacionado com violência ou incentiva a gastar dinheiro.

"A realização de estudos adicionais fornecerá a oportunidade de estudar uma amostra mais ampla de géneros", explicou.

Esta nova investigação apenas observou dois jogos para todas as idades, por isso acautela que outros modelos de jogo podem ser menos saudáveis. Além disso, também a atitude de cada jogador em relação ao jogo pode afetar o seu impacto mental.

Os investigadores salientaram que as descobertas não são uma “carta branca” para jogos.

"Estou muito confiante de que, se a investigação continuar, aprenderemos sobre as coisas que consideramos tóxicas nos jogos", referiu Przybylski, citado pelo Guardian.

A investigação foi financiada pela Huo Family Foundation, uma fundação sediada em Londres, e pelo Economic and Social Research Council, um organismo público financiado pelo governo do Reino Unido.