A Pro-Drone, que eleva a inspeção à fase 2.0 através do desenvolvimento de drones autónomos que recolhem e tratam toda a informação efetuada às turbinas eólicas, e a Exogenus Therapeutics, que quer revolucionar o tratamento de feridas crónicas de pele provocadas, por exemplo, pela diabetes ou hipertensão arterial, foram as duas startups vencedoras da 2ª edição dos Prémios Empreendedor XXI em Portugal, uma iniciativa organizada pelo BPI e pela DayOne, divisão do CaixaBank especializada para empresas tecnológicas inovadoras e respetivos investidores.
Depois de analisadas as candidaturas de 300 startups portuguesas, um crescimento de 100% face ao registado no ano passado, a distinção foi entregue no âmbito da 1ª edição da “BPI Innovation Summit”, uma conferência de inovação, tecnologia e empreendedorismo, que reuniu na Nova SBE em Carcavelos e na Porto Business School (Universidade do Porto), os diversos players do ecossistema empreendedor, tecnológico e investidor em Portugal.
As duas startups receberam um prémio no valor de 5 mil euros e a possibilidade de frequentar um programa de acompanhamento em Silicon Valley, organizado pela ESADE em colaboração com a Singularity University, ou um curso internacional de crescimento empresarial, Ignite Fast Track, da Universidade de Cambridge (Reino Unido).
Um piloto de 2,5kg e um drone de 10kg que recolhe informação para ser vista em qualquer parte do mundo
“As nossas soluções estão focadas na inspeção de turbinas eólicas, pelo que começámos por desenvolver tecnologia para os drones procederem a inspeções autónomas”, começou por dizer Ilia Sheremet, chefe de robótica da Pro-Drone, startup vencedora na categoria territorial Sul e Ilhas. “O piloto pesa 2,5kg. Os drones, que pensam cerca de 10 kg, terão que conseguir suportar esse peso durante 10 a 15 minutos”, explicou ao The Next Big Idea.
Mas a “invenção” desta empresa cuja ideia nasceu “há 4 anos” e que conseguiu angariar “800 mil euros” nas rondas de investimento feitas (100 mil no arranque) não se ficou por aqui. “Criámos soluções que guardam dados numa cloud, disponibilizando, assim, informação aos inspetores que podem aceder e analisar a partir de qualquer lugar no mundo, criando um histórico de dados sobre a tal turbina”, reforçou. “Temos atualmente seis drones em operação. O Brasil é o maior mercado, mas temos clientes na Bélgica, França e recentemente celebrámos um acordo com uma empresa suíça”, finalizou.
A Exogenus Therapeutics foi a vencedora na categoria territorial Norte e Centro. Startup biotecnológica, com sede em Coimbra, atua na área da saúde. A antiga vencedora do prémio do Jovem Empreendedor, o galardão mais antigo do país na área do empreendedorismo, promovido pela Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) e participante no Programa COHiTEC, desenvolveu medicamentos biológicos inovadores que aceleram a cicatrização de feridas através da estimulação dos mecanismos moleculares naturais necessários para a regeneração da pele.
O Exo-Wound, principal produto que sai dos laboratórios em Coimbra, pretendem revolucionar o tratamento de feridas da pele, que afetam “120 milhões de pessoas no mundo, incluindo 40 milhões de feridas crónicas”, lê-se num comunicado enviado às redações pela organização do BPI Inovations Summit.
No âmbito da sua parceria com o BPI, a Agência Nacional de Inovação (ANI), através do Programa Born from Knowledge (BfK), distinguiu ainda a NU-RISE, como o melhor candidato nacional “nascido do conhecimento científico e tecnológico” com um prémio monetário de 5 mil euros.
Portugal vs Espanha. Um perfil das startups ibéricas
Josemaria Siota, investigador da IESE Business School, apresentou, em Carcavelos, uma radiografia dos empreendedores ibéricos e conclui que uma amostra de 959 startups ibéricas foram responsáveis pela criação de “2976 empregos” criados, em 2017, e “166,3 milhões de euros” angariados. Os lucros devem passar dos “156 milhões”, registados em 2017, para “2.7 mil milhões”, em 2020.
Num olhar sobre o ecossistema de empreendedorismo ibérico, conclui que “32% têm como base tecnologias inovadoras” (inteligência artificial, na IoT e no machine learning), “só 6%” recorre a capital de risco e que “10 por cento” das startups são “fundadas por mulheres”, pelo que deixa uma recomendação: “Potenciar as empresas em que as mulheres tenham um papel mais ativo”, defendeu em declarações ao The Next Big Idea.
Analisando, primeiramente, o mercado em Espanha, avisou que “65% está concentrado em 5 grandes regiões (Madrid, Catalunha, País Basco, Valência e Andaluzia)”, pelo que deixa também uma recomendação a Portugal: “Alinhem a estratégia nacional de inovação”.
Mais de uma década de Prémios
Os Prémios Empreendedor XXI, que em Espanha atinge a 12ª edição, decorrem em paralelo, no caso das categorias territoriais, e em conjunto, nas categorias setoriais, em Portugal e em Espanha. Este ano candidataram-se 961 empresas, um crescimento de 36,3% face à edição anterior.
No dia 14 de maio, em Madrid, durante o DayOne Innovation Summit, serão conhecidos os vencedores dos prémios setoriais - Agro Tech, Health Tech, Commerce Tech, Fin&Insur Tech, Impact Tech e Tourism Tech.
Os vencedores de cada um dos setores recebem 25 mil euros de prémio. Em 2018, a Immunethep, uma empresa portuguesa de biotecnologia, venceu o prémio ibérico na categoria de Ciências da Vida.
A edição de 2019 distribuirá cerca de 525 mil euros em prémios, tornando-se numa das iniciativas para empreendedores com maior relevância económica em Portugal e Espanha.
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