O problema dos recursos...

Existem dois tipos de recursos naturais: os renováveis ​​e não renováveis. Os primeiros são inesgotáveis ou de renovação rápida, e os outros não. Os recursos não-renováveis ​​são aqueles que existem na natureza de forma limitada, porque a sua regeneração envolve a passagem de muitos anos. A nossa economia está assente na exploração de recursos sobretudo não-renováveis ou de lenta renovação, como por exemplo o petróleo, carvão e gás natural.

O Fundo Mundial para a Natureza (World Wide Fund for Nature ou WWF), alertou recentemente para a corrente superexploração dos recursos naturais. A cada ano estamos a consumir cerca de 20% a mais do que pode ser regenerado e a partir de 2030 os recursos naturais não-renováveis começarão a declinar.

Também o relatório do Living Planet de 2016, indica que iremos precisar de 2,5 planetas "Terra" para nos abastecer em 2050. Também esse estudo mostra que a população mundial de peixes, aves, mamíferos, anfíbios e répteis diminuiu 58% entre 1970 e 2012 devido a atividades humanas e prevê que em 2020 esse percentual suba para 67%.

A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) diz que em 2018, 26.197 espécies estão ameaçadas de extinção e 33% dos solos do mundo estão moderadamente ou altamente degradados. Não cuidamos a floresta e produzimos quantidades de CO2 maiores do que a produção vegetal pode sustentar. O Aquecimento Global começa a gerar as primeiras grandes tragédias e aparentemente não há grandes sinais de mudança.

A Terra está exausta e os recursos começam a escassear

E é neste contexto que a corrida aos recursos começa lentamente a aquecer. CEO's e especialistas começam a entender o Espaço como nova fronteira para a nossa indústria: construir satélites e estações espaciais de apoio para minerar asteróides, a Lua e outros corpos celestes.

Simultaneamente aparecem agora empresas como a Swamp Works — e são empresas como estas que se posicionam para ditar o futuro. Resumidamente, a Swamp Works é um laboratório que desenvolve tecnologia para mineração espacial e vida interplanetária, e, a avaliar por algumas das suas apresentações públicas, considera que o aquecimento global será o impulsionador da mudança para uma civilização de tipo espacial. Os grandes avanços tecnológicos deste tipo de empresas são verdadeiros saltos evolucionais. Ignorá-los é não perceber que a mudança já chegou.

A Swamp Works foi fundada por um cientista planetário da Universidade da Florida Central que passou 30 anos na NASA, o Dr. Phil Metzger. As declarações públicas de Metzer avançam, aliás, uma data limite para se dar mudança industrial para o Espaço. Segundo o próprio, a menos que haja avanços na computação quântica, a Terra não conseguirá produzir energia suficiente para alimentar os computadores do mundo até 2040, de acordo com um relatório de 2015 da Associação da Indústria de Semicondutores. Mudar a industria para o Espaço passa portanto a ser um plano de contingência: é obrigatório, é necessário, a nossa sobrevivência depende disso, portanto será a curto prazo.

E como se pensa fazer esta mudança para o Espaço?

O comércio global de ferro movimenta anualmente cerca de 38 bilhões de dólares (notação norte-americana). Um estudo feito em 2015 estima a totalidade da riqueza do mundo em 75 triliões de dólares. Apenas o asteróide Psyche 16 tem acumulado nele 10.000 quatriliões de dólares em ferro, além de ter ouro e platina, que é um metal super-condutor e é usado na medicina. Tudo somado atiraria a exploração deste asteróide para os 700 quintiliões...

Há 2 tipos de corpos celestes errantes. Os asteróides, que são corpos rochosos e metálicos e os cometas, que são corpos gelados e rochosos. A maior ameaça que o planeta Terra sofre continuamente é a possibilidade de embate de um asteróide com o nosso planeta. A NASA lançou um vídeo explicando que estamos com um problema de asteróides nos últimos 20 anos e que a nossa segurança está em risco.

Portanto, face à ameaça, podemos avançar que seria uma muito boa ideia começar, com recurso à robótica e à inteligência artificial, a minerar os asteróides de grandes dimensões que estão nas imediações da Terra.

É verdade que atualmente ainda é mais barato minerar ouro ou irídio na Terra (metal raro no nosso planeta, usado em telemóveis), mas desde há sete anos que tudo mudou: companhias como Shackleton Energy, a Deep Space Industries e agora a Planetary Resources começaram a aparecer nas discussões públicas sobre mineração. E desde há três ou quatro anos juntaram-se outras empresas da Coreia do Sul, do Japão, da Índia e da Rússia.

O vice-Primeiro-ministro luxemburguês, Etienne Schneider, desde 2013 que tem investido fortemente na Deep Space Industries e na Planetary Resources, tendo levado cerca de 10 empresas de Espaço a abrir filiais neste pequeno país. Também o Serviço Geológico dos EUA entrou no outono passado na discussão da exploração espacial. E a razão para isso é simples: é conhecido que esse é o caminho a seguir pela NASA.

A Indústria da Energia Espacial

Em 2014 a empresa Made in Space.Inc tornou-se na primeira empresa a imprimir em 3D um objecto em gravidade zero. Por isso, no ano passado, ganhou um contrato da NASA para imprimir no Espaço o Vulcan - um sistema robotizado com peças metálicas que usa mais de 30 materiais diferentes, incluindo o aço inoxidável, o alumínio, o titânio e termoplásticos. O Vulcan será tripulado e terá o objectivo de abastecer estações espaciais em órbita terrestre e lunar. Só que os robôs espaciais também servem para outras coisas, como colher combustível e enviar energia solar de volta à Terra usando microondas.

A tecnologia para coletar a luz do sol e transmiti-la à superfície usando microondas já existe hoje em dia. Sobre ela aliás escreveu Les Johnson do Marshall Space Flight Center da NASA em 2017. China, Índia, Japão e União Europeia têm explorado o conceito há vários anos, embora a NASA não tenha planos para tal projeto.

Não há contudo necessidade de ficarmos pelo que foi escrito no papel: a Agência Espacial Chinesa assumiu já junto do Sidney Morning Herald que antes de 2025 vai fazer o seu primeiro teste de recolha de energia solar a partir de uma estação espacial. Esta será colocada a orbitar a Terra a 36.000 Km.

A Indústria da Mineração de Asteróides

E depois há a matéria-prima que está nos asteróides. Esta matéria-prima, mais do que ser devolvida à Terra, servirá para construir logo no Espaço, usando impressoras 3D.

A NASA, através da NASA Innovative Advanced Concepts (NIAC) Program, recentemente premiou a empresa aeroespacial Trans Astronautica pelo o seu sistema APIS, movido a energia solar e ainda em fase de desenvolvimento (em concreto a fase 3 do Mini-Bee, fase integrante do APIS).

É um movimento global esta mudança para o Espaço para procurar recursos e explorá-los. Aliás, a recente parceria da Agência Espacial Europeia com o ArianeGroup tem em vista claramente a exploração de recursos, a começar em 2025.

A exploração de recursos tem sido a espinha dorsal do desenvolvimento e aquilo que tem feito progredir a ciência.

A NASA estima em 100 milhões de dólares por cada humano vivo na atualidade a riqueza que está concentrada na Cintura de Asteróides entre Marte e Júpiter. E isto sem contar com os asteróides que se estão a mover próximo da Terra (os NEO's), ou com os das zonas de Gregos e Troianos, ou com os da Cintura de Kuiper. Podemos estar a chegar à Idade de Ouro da Humanidade, e o reluzente futuro está fechado dentro das empresas de Espaço...

Por exemplo a Deep Space Industries propôs lançar o Prospector 1, uma sonda espacial de mineração, já em 2020. E a NASA continua a desenvolver tecnologia para minerar de forma eficiente em ambiente de microgravidade, como se vê no vídeo abaixo.

Uma coisa é certa: A corrida ao espaço ganha novos contornos e um dia destes podemos trabalhar em explorações bem diferentes daquelas que hoje conhecemos — e cujo potencial de enriquecimento é enorme. Claro, é também por isto que a Humanidade quer explorar o Espaço.