Como vemos televisão e vídeo? E de que forma é que os smartphones que nos acompanham para todo o lado mudam a forma como o fazemos? Estas foram duas perguntas-chave a que a Ericsson procurou dar resposta no seu estudo anual ""ConsumerLab TV & Media Report", ontem publicado, e que dá conta de uma "enorme e rápida mudança" nos comportamentos de visualização de TV e vídeo no que respeita à sua relação com a mobilidade. Em destaque neste relatório está a frustração dos consumidores com as propostas que têm actualmente da televisão tradicional, entendida como a oferta linear dos canais de televisão sem fazer qualquer procura de conteúdo através das boxes dos operadores de telecomunicações.

O consumo de vídeo em dispositivos móveis e em TV on-demand cresceu sem parar nos últimos sete anos, ao mesmo tempo que, para os consumidores, aumentou a frustração na descoberta de conteúdo na televisão tradicional . Olhando para os dados relatórios, é fácil concluir que estamos a consumir cada vez mais vídeo e cada vez mais em dispositivos móveis, nomeadamente smartphones e tablets. O tempo médio de visualização em dispositivos móveis aumentou mais de 200 horas por ano desde 2012, fazendo crescer os tempos de visualização de TV e vídeo em uma hora e meia adicional por semana. Este crescimento na visualização em dispositivos móveis coincide, por outro lado, com o declínio na visualização em dispositivos fixos, como a televisão ou o computador de secretária, com menos duas horas e meia por semana.

Questionados sobre a "vontade" de ver TV e vídeo, os inquiridos no estudo não revelam  qualquer diminuição nessa intenção ou desejo de consumo. O que muda é a forma e o dispositivo em que o querem fazer e isso está patente no facto de 40 por cento dos consumidores de todo o mundo afirmarem estar “muito interessados” num plano de dados móveis que inclua streaming de vídeo sem quaisquer restrições. A esta resposta soma-se outro dado relevante num mercado de grande dimensão, como é o dos Estados Unidos onde 20 por cento da visualização em dispositivos móveis é já feita através de um modelo de conteúdo pago usando serviços como o Netflix, Hulu e Amazon Prime

Bem-vindos à era do binge-watching

Com esta mudança de padrões de consumo, os consumidores revelam uma baixa satisfação quando procuram programas para ver. 44 por cento dos consumidores nos EUA referem que não conseguem encontrar nada na TV linear diariamente, o que representa um aumento de 22 por cento comparado com o ano passado (36 por cento). Em contraste, os consumidores deste país gastam 45 por cento mais tempo a escolher o que ver em serviços vídeo on demand (VOD) quando comparado com TV linear. E gostam de o fazer: 63 por cento dos consumidores dizem estar muito satisfeitos com a descoberta de conteúdo quando se referem ao serviço de VOD que utilizam, enquanto apenas 51 por cento têm a mesma opinião face a TV linear.

As conclusões do estudo sugerem que muito embora o processo de descoberta nos serviços VOD seja mais moroso que o de TV linear, os consumidores classificam-no como menos frustrante, já que garante implicitamente a oportunidade de descobrir algo que desejam mesmo ver e quando o querem ver.

É assim natural  que o  tempo total de visualização de conteúdo on-demand – como séries de TV, filmes ou outros programas de TV em streaming – tenha aumentado 50 por cento desde 2010. Entre alguns dos mais fortes indicadores desta crescente satisfação com os serviços de VOD, destaca-se a tendência crescente para o consumo em série, também conhecido como binge-watching e que se traduz em ver mais que um episódio - ou mesmo todos - de uma série de televisão de seguida. 37 por cento dos inquiridos consomem dois ou mais episódios seguidos do mesmo programa numa base semanal, e mais de um quinto refere fazê-lo diariamente.
E, com esta realidade de consumo, a despesa dos consumidores com serviços VOD nos EUA está a aumentar em mais de 60 por cento desde 2012: de 13 dólares para 20 dólares por mês.
No que respeita ao consumo de vídeo fora das plataformas VOD, 40 por cento dos inquiridos referem que consomem conteúdo do YouTube diariamente. 10 por cento dos consumidores assumem ver vídeos no YouTube durante mais de três horas por dia

Para Zeynep Ahmet, consultor Sénior do Ericsson ConsumerLab, a pesquisa realizada revela que "os consumidores requerem cada vez mais acesso a conteúdo de TV e de vídeo de alta qualidade nos mais variados serviços e dispositivos. Para os consumidores em geral, e para os millennials em particular, poderem ver conteúdo no smartphone é algo essencial". Os consumidores não exigem apenas uma experiência partilhada e social de consumo de TV, mas esperam ainda a "flexibilidade de uma oferta de conteúdo on-demand 'à la carte'", acrescenta. "A experiência de hoje é multifacetada e os consumidores querem conceber os seus próprios mundos de conteúdo apelativo e personalizado”.

Realizado com base em entrevistas a mais de 30.000 pessoas de 24 países, que representam estatisticamente as perspetivas de 1,1 mil milhões de pessoas, o Ericsson ConsumerLab TV and Media Report 2016 é o maior estudo desta natureza sobre os hábitos de consumo de TV. Com dados de suporte e informações provenientes de medidas nos dispositivos e em pesquisas qualitativas, o relatório detalha os mais recentes comportamentos, atitudes e exigências dos consumidores no que respeita a TV e Media, e o potencial impacto que estas tendências podem ter nos atuais modelos de negócio da indústria.

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