“No mundo dos cabos submarinos este projeto é a resposta a uma necessidade imperiosa”, disse hoje à agência Lusa o presidente do conselho de administração da EllaLink, Alfonso Gajate, acrescentando que “Portugal também tem todo o interesse neste investimento”.
Gajate esteve na segunda-feira em São Paulo (Brasil) para assistir à apresentação que o presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, e o ministro brasileiro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab, fizeram do projeto EllaLink, onde a espanhola Eulalink tem 65 % do capital e a brasileira Telebras 35 %.
A secção principal do cabo terá cerca de 9.400 quilómetros e irá unir Sines a Santos, no Estado de São Paulo no Brasil, com ramificações para Fortaleza (Brasil), Cabo Verde, Ilhas Canárias (Espanha) e Madeira (Portugal).
EllaLink pretende responder ao aumento da procura de redes de alta capacidade, mas Alfonso Gajate insistiu que as razões culturais e históricas também são importantes para haver uma ligação direta entre estas duas partes do globo.
“Afinal de contas”, explica Alfonso Gajate, “o Brasil está mais perto de Sines do que Miami (Estados Unidos)”.
Razões estratégicas e de segurança também explicam a necessidade desta ligação de alta capacidade, sem depender, como até agora, de cabos que passavam pelos Estados Unidos.
“Ganharemos em capacidade, em velocidade e em confidencialidade”, disse Mariano Rajoy na apresentação do projeto na segunda-feira, realçando o seu “enorme valor estratégico.
O presidente do conselho de administração da EllaLink assegurou que “o projeto tem o apoio do Governo português” e que a empresa tem de equipar um centro técnico que já tem em Sines e estará também presente em Lisboa, onde irá conectar a uma série de outras ligações já existentes na capital portuguesa.
“Os postos de trabalho que vamos criar em Portugal com este projeto não são num número muito elevado. Importantes vão ser os postos que vamos dar a outras empresas para criar pelo facto de terem melhores ligações”, disse Alfonso Gajate.
Os cabos submarinos são importantes pois o acesso fácil, por exemplo, à Internet depende da interconexão de todas as redes mundiais.
O único cabo que neste momento liga a Europa ao Brasil, denominado Atlantis-2, já está com a sua capacidade praticamente esgotada e é usado, principalmente, para comunicações telefónicas.
Alfonso Gajate considera “absurdo” que oito dos nove dos atuais cabos submarinos que ligam a Europa à América do Sul passem pelos Estados Unidos, com 99% do tráfego de dados, e apenas um, obsoleto e saturado, faça a ligação mais curta.
Comentários