Esta quarta-feira a NASA vai levar a cabo a primeira missão da humanidade que vai tentar interferir com a dança gravitacional do sistema solar: vai colocar uma nave espacial em órbita para, daqui a menos de um ano, impactar um asteroide, alterando a rota desta rocha gigante, impedindo-a assim de chocar contra o planeta Terra.

Segundo conta o The Guardian, o objetivo é testar uma espécie de sistema de defesa planetário para evitar que a Humanidade seja extinta da mesma forma que os dinossauros, ao mesmo tempo que se recolhem os primeiros dados concretos sobre o que será necessário para desviar um asteroide de colidir com o nosso planeta quando e se isso realmente puder vir a acontecer.

Porque se é verdade que a Terra está constantemente a ser 'bombardeada' por asteroides, a grande parte desaparece muito antes de chegar ao solo, aquilo que se crê que tenha acontecido há cerca de 66 milhões de anos, em que uma colisão deixou uma camada de poeira e detritos no ar que formou uma espécie de barreira que impedia que os raios de sol chegassem à Terra — o que pode voltar a acontecer. A missão Double Asteroid Redirection Test (Dart) da NASA tem como objetivo começar a recolher informação para evitar um desastre semelhante.

“Este é o primeiro passo para realmente testar uma forma de prevenir o impacto de objetos próximos à Terra”, disse Jay Tate, diretor do Centro Nacional de Informações de Objetos Próximos à Terra em Knighton, Powys,País de Gales. "Se funcionar, seria algo grande, porque provaria que temos capacidade técnica para nos proteger."

Segundo o que está programado, a nave espacial Dart de 610kg vai descolar da Base da Força Espacial de Vandenberg, na Califórnia, a bordo de um foguete SpaceX Falcon 9 por volta das 6h01 (em Portugal). O alvo é o sistema Didymos, um par inofensivo de asteroides: um asteroide "lunar" de 163 metros, chamado Dimorphos, que orbita em torno de um asteroide maior de 780 metros, chamado Didymos.

Este par de asteróides, na sua órbitra em torno do sol, passam ocasionalmente perto da Terra. O plano é embater a aeronave no Dimorphos nesse momento de proximidade, a cerca de 6,8 milhões de quilómetros de distância do nosso planeta, algo que deverá acontecer entre os dias 26 de setembro de 1 de outubro de 2022.

10 dias antes do embate, um pequeno satélite, chamado Light Italian CubeSat for Imaging of Asteroids (LICIACube), vai-se separar da nave principal para garantir que as imagens do impacto são transmitidas para a Terra.

A expectativa é que este impacto mude a velocidade do asteroide mais pequeno em 1%, alterando assim o período orbital em torno do asteroide maior em vários minutos.

Depois, em 2024, a aeronave Hera da Agência Espacial Europeia vai analisar o sistema Didymos para analisar os resultados detalhados deste impacto.

"Presumindo que funciona, [esta missão] vai-nos fornecer verdades terrestres em tempo real sobre os efeitos de um pequeno impacto num pequeno asteroide", disse Tate. “O problema é que não existem dois asteroides ou objetos de cometas iguais, e o modo como desvia um depende de um grande número de variáveis", explica o responsável, afirmando que não serão precisos "vários métodos" para "diferentes tipos de alvo".

Ou seja, este é apenas o primeiro passo para a definição de um plano de defesa do planeta Terra. Para que este seja absoluto, será necessário reunir muito mais informações.

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