Para Manuel Cruz, "os dados são o novo petróleo", constituindo já "uma mina de ouro para (empresas como) a Microsoft, a Google, e a Amazon", visto que "a maior parte dos dados são armazenados 'online', na 'cloud' (servidores) dessas empresas", o que lhes proporciona "receitas gigantescas" e as leva a um "grande investimento" nesta área.

O presidente da PT-MATHS-IN falava a propósito do evento "Big Data | Mathematics in Industry 4.0 - Challenges and Opportunities", que irá decorrer a 2 de junho no Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP).

A nível nacional, disse Manuel Cruz, embora se estejam "a dar os primeiros passos" no tratamento de grandes volumes de dados como estratégia empresarial, "as coisas demoram sempre um pouco mais a acontecer" e muitas empresas continuam a utilizar métodos rudimentares para extrair informação útil a partir das bases de dados a que têm acesso.

Embora já existam "exemplos de sucesso" em empresas e 'startups' (empresas emergentes de base tecnológica), para Manuel Cruz mais importante do que isso é a consciencialização de uma percentagem significativa do tecido empresarial para a relevância desta área no seu desenvolvimento e competitividade futuros.

"Diariamente, são produzidos centenas de milhões 'tweets', no Twitter, e de 'likes', no Facebook", exemplificou, acrescentando que "se olharmos para questões de 'hardware', só o Reino Unido tem cerca de dois milhões de câmaras de vigilância", o que origina "quantidades gigantescas" de dados.

Há 8,4 mil milhões aparelhos ligados à Internet. Mais do que seres humanos

De acordo com o especialista, estima-se que o número de aparelhos ligados à Internet, em 2017, atinja os 8,4 mil milhões, o que representa um crescimento de 31% em relação a 2016, número que poderá chegar aos 20 mil milhões em 2020.

Neste momento, existe "a clara noção de que o desenvolvimento da capacidade computacional pela via do 'hardware' (do equipamento físico) não acompanhará o crescimento do volume de dados", indicou.

Segundo um estudo da empresa de consultoria empresarial americana McKinsey, citado por Manuel Cruz, a nível mundial em 2018, a procura de 'data scientists' (analistas de dados) excederá a oferta em mais de 50%.

"Dada a especificidade de competências necessárias para esta área, em que sólidos conhecimentos em matemática, estatística e eficiência de programação são fundamentais", a criação de novas oportunidades de formação será "uma tendência" num futuro próximo, afirmou ainda.

A Rede Portuguesa de Matemática para a Indústria e Inovação, criada em maio de 2016, engloba 13 centros de investigação nacionais e constituiu-se como uma secção da Sociedade Portuguesa de Matemática, sendo o representante português na Rede Europeia de Matemática para a Indústria e Inovação (EU-MATHS-IN).

Tem como objetivo "alavancar" o impacto desta área no contexto empresarial e industrial, promover a troca de informação e a criação de parcerias entre os dois grupos, sendo ainda um canal de acesso aos "melhores recursos" a nível de conhecimento na área da matemática industrial.

Outro dos propósitos desta rede, concluiu Manuel Cruz, é "mostrar ao público em geral a mais-valia da matemática e a sua aplicabilidade", desmistificando "a ideia de que os matemáticos só dão aulas ou só fazem investigação".

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