
Numa altura em que o ensino tradicional parece estar a atravessar uma crise, num sistema que para muitos tem a morte anunciada, as opções internacionais vão ganhando força pela forma como se têm adaptado aos tempos atuais. No entanto, os preços elevados fazem com que neste momento, a inovação seja acessível apenas para quem a pode pagar.
A abordagem da Internacional Sharing School distingue-se das outras escolas pela forma como o ensino é conduzido num ambiente projetado para estimular o desenvolvimento dos estudantes, promovendo um ensino diversificado e personalizado.
“Desde o início, percebemos que aprender múltiplas línguas ao mesmo tempo tem um impacto positivo na neuroplasticidade dos alunos. Notámos melhorias não só na aprendizagem de idiomas, mas também em disciplinas como matemática e ciências”, explica Miguel Ladeira Santos, um dos irmãos fundadores e CEO do Sharing Education Group.
A origem da International Sharing School remonta aos anos 80, na Madeira, com a fundação da Madeira British School, criada para servir a comunidade britânica residente na ilha com uma aposta grande na inovação e no multiculturalismo.
Nos anos 90, a escola enfrentava desafios financeiros e administrativos e foi nesse contexto que a atual família proprietária, que já tinha quatro filhos matriculados, recebeu a proposta de assumir a gestão integral da instituição.
O objetivo inicial era apenas manter a escola aberta, mas a decisão acabou por ser o ponto de partida para um crescimento exponencial.
Com o tempo, a Madeira British School evoluiu para a International Sharing School Madeira, adotando um modelo educativo internacional inovador. O sucesso na Madeira levou a família a procurar novas oportunidades de crescimento e o negócio familiar expandiu-se ao longo dos anos, chegando a Lisboa, onde hoje conta com mais de 700 alunos de 70 nacionalidades diferentes.
O método de ensino
O currículo da escola inclui inglês como língua principal, além de português, alemão, russo e mandarim, incentivando a diversidade cultural desde cedo e preparando os alunos para um mundo globalizado.
Além do ensino de línguas, a International Sharing School aposta fortemente no desenvolvimento de competências socioemocionais e na aprendizagem baseada em projetos.
Os alunos são incentivados a resolver problemas reais, desenvolver pensamento crítico e trabalhar de forma colaborativa. “Queremos formar cidadãos do mundo, que saibam adaptar-se a diferentes contextos e desafios”, afirma Miguel Ladeira Santos
IA na escola?
Miguel Ladeira Santos explica que a tecnologia é uma aliada. No entanto, sublinha que a “inovação” não está só no uso da tecnologia mas na forma como é integrada na aprendizagem.
“Para nós, a verdadeira inovação é repensar a educação e dar mais protagonismo aos alunos.”
Além disso, a escola aposta na inteligência artificial e em ferramentas de análise de dados para personalizar o ensino, garantindo que cada aluno recebe o suporte adequado às suas necessidades individuais.
Já a pensar num futuro onde 80% das profissões não vão existir, a Sharing School assume o compromisso de dotar os alunos com skills sem prazo de validade e de rápida capacidade de adaptação.
“É completamente contraproducente estar a preparar os alunos para um trabalho que daqui a 10 anos, quando eles acabarem a escola já não vai existir. Portanto, focamos em dar-nos outro tipo de skills, ensinar as pessoas a trabalhar de uma maneira mais colaborativa quando é preciso e a trabalhar uns com os outros”, sublinha.
A arquitetura e disposição dos móveis fazem a diferença?
A Sharing School acredita que sim. A arquitetura da escola foi repensada para atender às novas necessidades do ensino.
Depois de ter estado num congresso do IB – International Baccalaureate (sistema internacional de ensino), Miguel percebeu que o modelo tradicional de salas de aula deveria ser reformulado.
“Estávamos a seguir o caminho errado, criando salas convencionais. Decidimos recomeçar e pensar num design mais dinâmico e colaborativo“, conta.
O design ficou por isso a cargo do estúdio dinamarquês Rosan Bosch Studio com o apoio dos arquitetos locais da Openbook Arquitetos e da Saraiva + Associados.
Numa altura em que a pandemia mudava todos os dias as nossas rotinas e hábitos, o conceito materializou-se em espaços flexíveis e multifuncionais, que promoviam a autonomia dos estudantes.
“Observámos como os adultos se adaptavam a diferentes espaços de trabalho em casa e percebemos que os alunos também deveriam ter essa flexibilidade na escola”, acrescenta o fundador.
Assim, foram criadas zonas de trabalho colaborativo, áreas de foco, espaços informais e até beliches na biblioteca, permitindo que os alunos escolham onde e como preferem aprender.
“Os resultados foram impressionantes: as notas melhoraram, e problemas como bullying e ansiedade reduziram drasticamente”, garante Miguel Ladeira Santos.
É possível manter a exigência num ambiente tão descontraído?
Miguel Ladeira Santos garante que sim e compara ao teletrabalho – cada pessoa adota o seu horário às suas atividades mantendo a produtividade. Ou seja, um modelo mais flexível continua a exigir o mesmo rigor académico.
“O IB é um dos currículos mais rigorosos do mundo. Os nossos alunos são avaliados como em qualquer outra escola, mas a diferença está na forma como aprendem. O ensino é mais autónomo, focado em projetos e liderado pelos estudantes, com o professor como facilitador do conhecimento“, esclarece Miguel Ladeira Santos.
A metodologia valoriza a investigação e a criatividade, preparando os alunos não apenas para os exames, mas também para a vida universitária e profissional.
Próximos passos
Com um investimento de 50 milhões de euros até 2028, a International Sharing School Taguspark está a desenvolver um projeto que descrevem como inovador e que engloba uma “Boarding House” (colégio interno), alinhada com o conceito dos colégios internos britânicos e suíços.
A infraestrutura vai contar com 400 camas, para responder aos crescentes pedidos de famílias estrangeiras que desejam uma educação de excelência em Portugal.
“É um modelo comum no Reino Unido e na Suíça, e vemos que há uma grande oportunidade para oferecer este tipo de ensino em Portugal”, afirma a administração.
Querem ainda criar o “Sharing Club”, um espaço inovador com coworking, lavandaria, cabeleireiro, cafetaria e ginásio e ainda, infraestruturas desportivas de alto nível, reforçando a importância do desporto na formação dos alunos.
O processo de restauro deverá ser acompanhado por uma mini-série documental.
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