Liderado pela cientista brasileira Lygia da Veiga Pereira, o projeto, denominado "DNA do Brasil", pretende mapear o genoma [conjunto de todo o material genético de um organismo] de 15 mil pessoas, dos 35 a 74 anos de idade, e tornar-se no maior levantamento do género já realizado no país sul-americano.
A ideia do projeto inédito no Brasil é que, futuramente, seja possível prevenir e tratar doenças de forma mais precisa com base no conhecimento que será construído.
Para viabilizar o estudo, foi articulada uma parceria com a rede de laboratórios clínicos Dasa, que montou um laboratório de seis milhões de reais (1,3 milhões de euros) para sequenciar as amostras de ADN [ácido desoxirribonucleico] dos participantes.
Segundo o jornal O Globo, os 3.000 primeiros genomas serão mapeados pela empresa sem custo para o projeto, em troca de a empresa ser contratada para realizar os 12 mil restantes, a um custo de cerca de 650 dólares (586 euros) por cada genoma.
Os brasileiros que terão o DN analisado já fazem parte de outro projeto, o Estudo longitudinal de saúde do adulto (ELSA), um consórcio de diferentes instituições públicas que, desde 2008, levanta dados epidemiológicos de mais de 15 mil pessoas de todo o país, em seis cidades brasileiras — São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Rio de Janeiro e Vitória.
Doenças como cancro, hipertensão, diabetes, depressão, esquizofrenia, ou algumas condições raras podem receber diagnósticos e tratamentos através do projeto.
O diretor médico da Dasa, empresa de diagnóstico médico sediada no Brasil, Gustavo Campana, frisou, no lançamento do projeto, que 80% das oito mil doenças consideradas raras têm origem genética.
"O desafio é entender quais variações genéticas estão associadas a quais características das pessoas. (...) Nós somos o resultado do nosso genoma, mais o nosso estilo de vida. O genoma é a receita do nosso corpo", disse Lygia da Veiga Pereira, citada pelo portal de notícias G1.
Ainda segundo a cientista, a miscigenação brasileira é um fator importante para o desenvolvimento de um projeto desta dimensão, devidos à mistura de componentes europeus, africanos e indígenas.
O armazenamento dos dados será feito em servidores do 'Google Cloud', também parceiro da iniciativa, sendo que cada genoma ocupa 500 'gigabytes'.
A expectativa da organização do projeto é que os primeiros 3.000 genomas sejam sequenciados ainda no primeiro trimestre de 2020.
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