Em comunicado, o instituto do Porto explica hoje que o projeto, intitulado THOR, é um dos 12 financiados pelo concurso ‘AI 4 COVID-19’, da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

Segundo o INESC TEC, a utilização de ultrassonografias (exame de diagnóstico que utiliza ultrassons para avaliar as estruturas anatómicas do organismo) ao tórax é “particularmente interessante no contexto da covid-19 já que o sistema de ultrassom é portátil e possibilita uma utilização conveniente”.

Este método, intitulado ‘Point-of-Care Ultrasound -POCUS’, permite, através da “identificação do espessamento pleural e da presença de padrões característicos das linhas verticais na periferia do pulmão”, o diagnóstico da pneumonia viral associada “à maioria dos casos graves” de infeção pelo novo coronavírus, que provoca a covid-19.

Citado no comunicado, Miguel Coimbra, investigador do instituto do Porto, explica que o “uso desta técnica encontra-se limitado pela complexidade operacional de um exame de ultrassom”, isto porque o correto posicionamento da sonda e a avaliação da imagem requerem “conhecimento especializado e formação diferenciada” para serem eficazes.

“Esta questão cria assim uma oportunidade para explorar o potencial da inteligência artificial, mais concretamente na visão computacional como um potenciador para a utilização do POCUS de forma massiva”, acrescenta Miguel Coimbra, também docente na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

O protótipo será instalado no Hospital Garcia de Orta, em Almada, distrito de Setúbal, que já utiliza as ultrassonografias no estudo de doentes com covid-19 para efeitos de investigação clínica.

Também citado no comunicado, Filipe González, coordenador médico do projeto, explica que a equipa médica “vai recrutar os doentes com covid-19, dos quais serão colhidas, anotadas e tratadas as imagens e vídeos que servirão de substrato ao projeto de algoritmia e visão computacional”.

“Mais tarde, o Hospital Garcia de Orta será também o local de instalação do protótipo para fases finais do projeto”, acrescenta.

O projeto, que é fruto de uma colaboração entre o instituto do Porto, o Hospital Garcia de Orta, a FCiências.ID – Associação para a Investigação e Desenvolvimento de Ciência e a Nevarotech, tem um financiamento de 240 mil euros e a duração de 24 a 36 meses.