Esta operação de recurso, bastante rara na ESA, foi iniciada em 2011 para evitar a destruição acidental do satélite em órbita devido à dispersão de detritos perigosos para os satélites ativos e para a Estação Espacial Internacional (ISS).

Esperada dentro de uma semana, a reentrada do satélite ERS-2 pode ocorrer em qualquer lugar, mas o risco de detritos causarem danos ao solo é mínimo, afirmaram especialistas da ESA em conferência de imprensa.

“O risco de um pedaço do satélite cair sobre as nossas cabeças é estimado em 1 em 100 mil milhões”, disse Benjamin Bastida, engenheiro de detritos espaciais do Centro Europeu de Operações Espaciais, que segue cuidadosamente a trajetória da nave para prever com precisão onde e quando serão lançados os restos do satélite.

A maior parte das 2,5 toneladas do ERS-2 irá arder ao entrar na atmosfera.

“Estima-se que o maior fragmento do satélite que pode chegar ao solo tenha 52 quilos”, detalhou Henri Laur, da Direção de Observação da Terra da ESA.

Satélite pioneiro na observação da Terra, o ERS-2 foi lançado em 1995 e colocado a uma altitude de quase 800 quilómetros (km).

A ESA desativou-o em 2011 para que caísse gradualmente em direção à Terra, a cerca de 500 km de distância, em apenas 13 anos. Enquanto está a 800 km, “leva entre 100 e 200 anos para entrar na atmosfera. Não poderíamos correr o risco de deixar o satélite lá em cima”, explicou Henri Laur.

Isto porque um satélite privado da sua energia interna (combustível, baterias ou outros) apresenta riscos significativos de explosão e criação de detritos, sublinha Quentin Verspieren, coordenador do programa de segurança espacial da ESA.

A ESA lançou em 2023 uma carta de “zero detritos” para missões espaciais concebidas a partir de 2030.

“Mais de 100 organizações, incluindo Airbus, Thales Alenia Space, Safran, anunciaram a sua intenção de assinar a carta”, segundo este especialista que “espera” que a Space X e a Amazon façam o mesmo.

Em julho de 2023, o satélite europeu Aeolus regressou à Terra de forma controlada porque a sua órbita (300 km) era inferior à do ERS-2. A nave caiu de volta no Oceano Atlântico.