José Barata é um dos responsáveis pela ideia. Diz ser apenas o professor de uma equipa “mesmo muito boa”, com vontade suficiente para encarar as dificuldades — principalmente financeiras — e mudar a vida de muita gente.

Com ele estão André Lourenço, Francisco Marques, Ricardo Mendonça, Eduardo Pinto, Lino Quaresma e Paulo Rodrigues. São da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova, no Monte da Caparica, e em mãos têm vários projetos. Mas, para José Barata, há um pelo qual tem um especial carinho: o Drones4right2life.

“Tudo isto começa por eu ter sido oficial da Marinha Mercante durante cinco anos da minha vida. Fiquei sempre com esta ligação ao mar. Neste caso, vimos um projeto europeu e decidimos candidatar-nos para fazer uma plataforma anfíbia com um UAV [Unmanned Aerial Vehicles] para águas interiores. Ao início, a ideia era fazer proteção ambiental, implementámos o projeto e fizemos vários exercícios com a Marinha. Depois disso aconteceu o Drones for Good no Dubai e pensámos numa ideia em que a utilização do drone fosse para o bem, para as pessoas”, começa por explicar.

“Dada a questão dos refugiados no Mediterrâneo, pensámos que podíamos usar um conjunto de drones como o que já tínhamos — anfíbio, pode amarar na água e levantar de lá — para outro fim. No caso dos migrantes, os drones ficam parados no mar e de vez em quando levantam para ver se detetam alguma coisa. No caso de verem algo, chamam o barco de primeiros socorros para dar alimentos, boias, qualquer coisa, e depois faz-se a chamada para as Marinhas. Esta foi uma realidade a que tivemos acesso através das notícias e já tínhamos a necessária infraestrutura para avançar. Eram mil e tal candidatos no concurso e ficámos em 5º lugar. Tínhamos muito pouco dinheiro para competir com a Nokia, que foi quem ganhou”.

Além de identificar pessoas no mar, estes drones podem também recolher amostras dos navios, caso necessário. Mas aquilo que os distingue de todos os outros é o facto de haver uma interação multi-robot, entre o drone e a plataforma. “O drone aumenta as capacidades cognitivas das plataformas: como voa alto, vê mais longe. É uma solução aérea mais fácil”.

Apesar de não terem vencido o concurso no Dubai, tiveram aí a rampa de lançamento para o projeto. Até agora, têm feito testes com a Marinha Portuguesa e tudo está a funcionar, tendo já uma embarcação autónoma e três drones. Contudo, há apenas um senão: o dinheiro disponível para expandir a ideia. “Temos sempre uma certa dificuldade em termos financeiros. Na robótica, quando é para fazer simuladores nos computadores a coisa até vai, mas quando é preciso gastar dinheiro… Cada vez que fazemos testes é preciso gastar bom dinheiro. Os cabos gastam-se, as baterias acabam; exige uma manutenção contínua e isso é caro. Por isso estamos sempre a tentar arranjar alternativas. Nós somos pequeninos, somos uma universidade, não somos uma empresa”, diz o professor.

Para o futuro as ideias e os sonhos são muitos, conta José Barata. “Eu sou um sonhador, gosto sempre de usar as palavras de Martin Luther King: ‘I have a dream’. E como ex-marinheiro e como português, sabendo que Portugal tem uma costa impressionante, penso sempre nestas coisas da vigilância ambiental. Podemos fazer tudo isto com este tipo de robot ou com outros mais pequenos. Mas há uma coisa que gostaria mesmo de fazer: tal como o Gago Coutinho fez a travessia do Atlântico sul, era giro fazer Lisboa-Rio de Janeiro com um drone. Só precisávamos de um pequeno financiamento, nem era preciso muito dinheiro. Era interessante pôr isto na Internet e as pessoas iam acompanhando até chegar ao Brasil”, atira.


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