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Os serviços de subscrição tornaram-se uma rotina no nosso dia a dia. Usamos estes serviços no mundo do entretenimento, quando utilizamos uma ou mais plataformas de streaming. Vemo-los no mundo da tecnologia, quando utilizamos uma série de softwares e plataformas para fazermos o nosso trabalho de uma forma mais eficiente. Enfim, para onde quer que olhemos, existe uma empresa ou uma indústria a tirar proveito desta modalidade de pagamento.
O exemplo mais recente coloca-nos na seguinte situação: e se em vez de pagar um carro a prestações, pudéssemos simplesmente subscrevê-lo por alguns meses? É num serviço como este que a Volkswagen parece estar a apostar o seu futuro. O Volkswagen AutoAbo vai ficar disponível na Alemanha no final de 2021 e, por 500 euros por mês, milhões de condutores alemães vão poder utilizar 2 mil veículos de um de dois modelos elétricos da marca: o ID.3 e o ID.4.
Duração. Os períodos de subscrição são de 3 a 6 meses no mínimo.
Quando. Os clientes podem receber o carro em qualquer zona da Alemanha num período de 14 dias.
Promoção. Os subscritores vão ter direito a 800 km de autonomia grátis por mês.
Um sinal dos tempos
Esta decisão da Volkswagen não é só uma questão de moda. Seja por motivos de estratégia, seja por motivos reputacionais, seja pelas próprias tendências do mercado, há vários fatores que levam a que este novo serviço faça sentido para a empresa.
Em primeiro lugar, a VW quer largar o “pequeno rótulo” de maior produtora de carros europeia e tornar-se também numa fornecedora de serviços de mobilidade. A empresa estima que, em 2030, 20% das suas receitas poderão vir de serviços como o AutoAbo, dado que, apesar de a subscrição ser só para carros elétricos, poderá ser estendida a carros a combustíveis fósseis ou a modelos híbridos.
Por outro lado, o serviço também é um push pelos objetivos sustentáveis da Volkswagen que, depois do escândalo de 2015, no qual foi condenada por fraude na contagem da emissão de diesel dos seus carros, tem investido na diminuição no impacto ambiental dos seus veículos.
Por último, diversos estudos de mercado demonstram que existe um número crescente de pessoas que não querem ser donas de um carro, com a crescente adoção de plataformas de ride-sharing, seja de carros, de bicicletas ou de trotinetes elétricas. Por isso, o futuro da mobilidade poderá passar não só pela subscrição destes serviços, mas do próprio carro que conduzimos.
Dominar o mercado, outra vez
Por detrás deste serviço, pode estar ainda um discreto ataque àquela que se tornou a sua principal rival, a Tesla, que é atualmente a marca de automóveis mais valiosa do mundo. Mas nem sempre foi assim.
No início de 2020, “o carro do povo” (tradução de Volkswagen para português) viu a empresa de Elon Musk ultrapassá-lo com a crescente popularidade dos seus carros elétricos e respetivas funcionalidades. E por popularidade não se entenda necessariamente muitos mais carros vendidos. Em 2020, a Tesla vendeu 500 mil carros face aos 9.3 milhões da Volkswagen e teve receitas de 12 mil milhões de dólares contra os 250 mil milhões de dólares do grupo alemão. No entanto, à data desta newsletter, o valor de mercado da empresa americana é de 775 mil milhões de dólares e o da VW é de 120 mil milhões. Portanto, houve sim uma mudança na forma como investidores olham para as duas empresas.
A Tesla passou a ser vista como aquela que está adaptada ao futuro e a Volkswagen como o “dinossauro” ainda muito dependente de soluções que passam por combustíveis fósseis. Por isso, parte do esforço da Volkswagen para os próximos anos passará não só por vender mais carros, mas também por posicionar-se como a marca de automóveis da próxima geração. E é precisamente isso que está a fazer com um investimento de 35 mil milhões de euros não só em carros elétricos e em gigafactories (fábricas de baterias vai construir na Europa até 2030), mas também em soluções tecnológicas, onde se insere a AutoAbo.
No ano passado, a Volkswagen vendeu metade do número de carros elétricos vendidos pela Tesla (230 mil), mas estima que em 2025 já vai ser líder de mercado com 2.6 milhões de elétricos vendidos. O mercado parece acreditar e, em 2021, as ações da empresa já subiram 80%.
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