"Se isto continuar, em 2050 teremos uma sociedade desconectada, as pessoas não vão conseguir encetar relações íntimas com outros seres humanos e teremos um mundo organizado em torno da masturbação e da violação", estimou Kathleen Richardson, professora na Universidade De Montfort, no Reino Unido.

Nascida em 1972, ano em que estreou o "Garganta Funda", primeiro filme pornográfico a ser exibido nos cinemas, Kathleen Richardson criticou o facto de as pessoas "serem encorajadas a criar laços com objetos inanimados", o que tem constribuído para "distorcer a nossa personalidade" de forma profunda.

"Não se pode alienar o sexo de um ser humano e vendê-lo a alguém comercialmente", referiu a professora em Cultura e Ética Robótica e Inteligência Artificial, notando que, de acordo com dados empíricos, as novas tendências "não estão a fazer com que as pessoas gostem mais de sexo agora do que gostavam antes".

Do outro lado da discussão, na conferência "O que vem a seguir para a tecnologia da pornografia e do sexo", estava Dinorah Hernandez, diretora e gestora de conteúdos do BaDoinkVR, "site" com conteúdos pornográficos em realidade virtual, que defendeu que a pornografia ensina os casais a serem melhores amantes.

"A pornografia com recurso à realidade virtual é mais imersiva, é muito diferente da pornografia clássica, quem está a assistir deixa de ser apenas o espetador e passa a ser o herói da cena", sublinhou, acrescentando que se trata de algo "muito difícil de explicar às pessoas".

Ao contrário da supremacia masculina que antes dominava a pornografia, Dinorah Hernandez disse que, nos últimos anos, as mulheres "começaram a ganhar cada vez mais poder e dominam toda a ação".

O próximo passo nas produções de entretenimento para adultos em realidade virtual será a tentativa de integração de aromas e do toque, acrescentou.

A conferência de tecnologia e empreendedorismo Web Summit decorre até quinta-feira, no Altice Arena (antigo Meo Arena) e na Feira Internacional de Lisboa (FIL), em Lisboa.

Segundo a organização, nesta segunda edição do evento em Portugal, participam 59.115 pessoas de 170 países, entre os quais mais de 1.200 oradores, duas mil 'startups', 1.400 investidores e 2.500 jornalistas.