Este é um dos projetos mais desafiantes do Museu. A massa de gordura composta de fraldas, toalhitas, óleo congelado, entre outros resíduos, tinha sido encontrada no ano passado nos esgotos de Londres, a entupir os canais no leste da cidade, em Whitechape. Agora, no Museu de Londres, é dividida em duas peças: numa delas, a massa de gordura está partida em pedaços com um formato arredondado semelhante aos das conhecidas trufas, e, na outra, a massa assume uma textura mais compacta e tem o tamanho de uma caixa de sapatos.
Se a massa de gordura não é simpática à vista, também não dá as boas vindas ao olfato. Felizmente, os visitantes não conseguem sentir o cheiro devido aos processos de curadoria pelos quais a peça “Fatberg” foi submetida, mas, segundo o The Guardian, o seu aroma assemelha-se a uma mistura de carne podre e fraldas de crianças usadas.
A "Fatberg" é mais uma peça entre as 7 mil que o Museu de Londres expõe, proporcionando a quem o visita a experiência de viajar pela história. Dentro do edifício encontram-se registos dos primórdios da construção da cidade pelos romanos até aos episódios contemporâneos mais marcantes como a Guerra Civil Inglesa (1642-1651), a Grande Peste que assolou a cidade e o Grande Incêndio de 1666 que obrigou a sua reconstrução. Desde a tragédia de 1666 até aos dias de hoje, Londres tornou-se numa das capitais mais cosmopolitas do mundo. Contudo, o “lado negro” da cidade existe e é necessário que também seja refletido no Museu.
“No Museu refletimos a verdadeira experiência dos londrinos e faz parte do nosso trabalho expor os altos e baixos da vida citadina de Londres”, diz Vyki, curador de história social e do trabalho ao The Guardian. “Não acho que se consiga descer mais baixo do que o 'Fatberg'”, acrescenta.
O facto de a peça "Fatberg" estar presente no Museu obriga os visitantes a refletir sobre a forma como a história da cidade se está a desenrolar. Em termos práticos, ter a obra exposta também é um desafio. Os curadores tiveram de aprender novas técnicas para colocar a amostra em exibição. “Não há diretrizes para os museus trabalharem com despejos”, diz Sparkes, “Ninguém conservou [num museu] uma coisa destas até agora. Não sabemos como vai funcionar a longo prazo”.
No Museu de Londres, as galerias foram construídas de forma a que seja possível conhecer todas as obras seguindo apenas uma rota. Contudo, a obra "Fatberg" está colocada deliberadamente num quarto escuro (assemelhando-se visualmente a um esgoto) onde as pessoas podem escolher ou não entrar, sem que a decisão cause interferência com a rota estipulada.
"Fatberg" está em exibição desde esta sexta-feira, 9 de fevereiro, até 1 de julho.
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