CAPÍTULO 1

A RESPOSTA ESTÁ NA PALETE DO LEITE

1

Foi Shōta quem sugeriu que fossem à casa abandonada. Dizia que havia uma mesmo a jeito.

— Como assim, «mesmo a jeito»? — questionou Atsuya, a olhar de cima a baixo para Shōta, que, além de baixinho, ainda tinha feições de menino.

— «Mesmo a jeito» é «mesmo a jeito». Quero dizer que é perfeitinha para a gente se esgueirar. Encontrei-a por acaso enquanto sondava a zona. Quando a vi, nem pensei que nos fosse de alguma utilidade.

— Desculpem lá — disse Kōhei, encolhendo o corpo gigante. Fitou o velho Crown, estacionado ao lado, com um olhar pouco convencido. — Nunca imaginei que ficasse sem bateria num sítio destes.

Atsuya suspirou.

— Dizer isso agora já não serve de nada.

— Mas que se terá passado? Até vir para aqui, nunca tinha tido problemas. E eu não deixei as luzes ligadas o tempo todo…

— É uma questão de esperança de vida — cortou Shōta. — Não viste o número de quilómetros percorridos? Já passou de um milhão. Ficou senil. E com a vida a chegar ao fim, quando veio para aqui acabou por colapsar por completo. Foi por isso que te disse que era melhor que roubasses um carro novo.

Kōhei cruzou os braços, num resmungo.

— Mas os carros novos têm sistemas antirroubo.

— Já chega dessas conversas — interrompeu Atsuya, a agitar a mão. — Shōta, a casa abandonada fica aqui perto?

Shōta anuiu com a cabeça. 

— Se andarmos rápido, fica a uns vinte minutos.

— Boa. Sendo assim, vamos lá. Guia-nos, está bem?

— Por mim, tranquilo. Mas o que fazemos com o carro? Podemos deixá-lo aqui?

"É Desta Que Leio Isto"

"É Desta Que Leio Isto" é um grupo de leitura promovido pela MadreMedia e por Elisa Baltazar, co-fundadora do projeto de escrita "O Primeiro Capítulo”.

Lançado em maio de 2020, foi criado com o propósito de incentivar à leitura e à discussão à volta dos livros. Já folheámos as páginas de livros de autores como Luís Sepúlveda, George Orwell, José Saramago, Dulce Maria Cardoso, Harper Lee, Valter Hugo Mãe, Gabriel García Marquez, Vladimir Nabokov, Afonso Reis Cabral, Philip Roth, Chimamanda Ngozi Adichie, Jonathan Franzen, Isabel Lucas, Milan Kundera, Joan Didion, Eça de Queiroz e Patricia Highsmith, sempre com a presença de convidados especiais que nos ajudam à discussão, interpretação, troca de ideias e, sobretudo, proporcionam boas conversas.

Ao longo da história do nosso clube, já tivemos o privilégio de contar nomes como Teolinda Gersão, Afonso Cruz, Tânia Ganho, Filipe Melo e Juan Cavia, Kalaf Epalanga, Maria do Rosário Pedreira, Inês Maria Meneses, José Luís Peixoto, João Tordo e Álvaro Laborinho Lúcio, que falaram sobre as suas ou outras obras.

Para além dos encontros mensais para discussão de obras literárias, o clube conta com um grupo no Facebook, com mais de 2500 membros, que visa fomentar a troca de ideias à volta dos livros, dos seus autores e da escrita e histórias que nos apaixonam.

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Atsuya examinou o lugar que os rodeava. Estavam num parque de estacionamento reservado, em plena zona residencial. Como havia um lugar vago, puseram ali o Crown. Todavia, quando o dono do lugar desse por ele, chamaria inevitavelmente a polícia.

— Não, não podemos. Mas ele não anda, pelo que não temos alternativa. Vocês não tocaram em lado nenhum sem luvas, pois não? Assim, não devem conseguir saber quem somos quando examinarem o carro.

— Ou seja, vamos deixar a nossa sorte nas mãos do céu.

— Não te disse já que não temos escolha?!

— Estava só a confirmar. Tudo bem. Vá, venham comigo.

Shōta estugou o passo, seguido de imediato por Atsuya. A mala que trazia na mão direita pesava-lhe.

Kōhei pôs-se em fila, com eles de lado.

— Olha lá, Atsuya. E que tal se apanhássemos um táxi? Mais um bocado e chegamos a uma estrada larga. De certeza que há um táxi vazio por aquelas bandas.

Atsuya fungou sonoramente.

— Três homens suspeitos a apanhar um táxi a estas horas e num sítio destes? O motorista nunca se esqueceria de nós. Depois disso, faziam um retrato igualzinho a nós e íamos desta para melhor.

— Mas achas que o taxista vai olhar fixamente para nós?

— E se olhar? Mesmo que não olhe fixamente, há quem consiga relembrar-se de uma cara olhando só de relance.

Kōhei guardou silêncio. Dando alguns passos, pediu desculpa em voz baixa.

— Já chega. Cala-te e anda.

Os três passaram por uma zona residencial. Eram duas da manhã. As casas em banda tinham todas o mesmo design, mas não havia quase nenhuma janela iluminada. No entanto, não se podiam descuidar. Se cometessem o erro de falar em voz alta, talvez alguém os ouvisse e talvez contasse à polícia que «estavam três homens suspeitos a passear em plena noite». Atsuya queria que a polícia achasse que os criminosos tinham fugido de carro da cena do crime. Para isso, contudo, era preciso que o Crown levasse algum tempo a ser encontrado.

A estrada ganhou ali uma ligeira inclinação. À medida que caminhavam, porém, o declive foi-se tornando mais pronunciado e, com ele, as casas foram-se diluindo na noite.

— Então? Vamos até onde? — interrogou Kōhei, ofegante.

— É só mais um bocado — respondeu Shōta.

Na verdade, pouco depois disso, Shōta estacou. Ao seu lado, havia uma casa.

Era um edifício não muito grande que tanto era um negócio, como uma residência. A parte habitacional era em estilo japonês, feita de madeira. A loja, com uma fachada de menos de dois metros, tinha a portada fechada. A portada revelava uma ranhura na qual se inseria correio, mas não continha qualquer informação escrita. Ao lado, havia um pequeno edifício que talvez servisse de armazém e de garagem.

— É aqui? — perguntou Atsuya.

— Muito bem…

Shōta examinou a casa e inclinou a cabeça.

— Devia ser aqui…

— Como assim, «devia ser»? Não é?

— Não, acho que aqui está bem. Mas parece-me diferente desde a última vez que cá vim. Pensava que fosse um pouco mais nova.

— Não será porque dessa vez vieste durante o dia?

— Se calhar.

Atsuya retirou uma lanterna da mala e fez a luz incidir sobre a portada. Em cima, havia um letreiro com a indicação «Bazar» em caracteres vagamente legíveis. Ao lado, deveria estar o nome da loja, mas não o conseguiam ler.

— Um bazar? Num lugar como este? Mas alguém vem para aqui? — questionou Atsuya, sem pensar.

— Não foi por não vir ninguém que foi à falência? — adicionou Shōta.

— Faz sentido. Mas por onde é que entramos?

— Há uma entrada nas traseiras. O cadeado está estragado. É aqui — anunciou Shōta, e entrou para o espaço entre o edifício grande e o pequeno.

Atsuya e os restantes seguiram-no. A fresta tinha cerca de um metro de largura. Enquanto prosseguiam, olharam para o céu. A lua redonda flutuava lá no topo. 

De facto, havia uma entrada de serviço nas traseiras. Ao lado da porta, como que emergiu uma pequena caixa de madeira.

— Que é isto? — sussurrou Kōhei.

— Não sabes? É uma palete do leite, para pôr o leite das entregas — respondeu Atsuya.

— Ai sim?

Kōhei observou a palete com um ar curioso.

Os três abriram a porta das traseiras e adentraram o espaço. Tresandava a poeira, mas não a ponto de agonizar. Ali, havia uma área sem pavimento com pouco mais de três metros quadrados, e uma máquina de lavar roupa enferrujada e provavelmente estragada.

Havia ainda um par de sandálias cheio de poeira, para quem quisesse descalçar os sapatos. O trio evitou as sandálias e entrou na zona interior da casa com os sapatos da rua.

Mal entraram, chegaram à cozinha. O chão era de tábuas. À janela, havia um lava-louça e um forno. Ao seu lado, um frigorífico com duas portas. No centro da sala, uma mesa e cadeiras.

Kōhei abriu o frigorífico.

— Não tem nada — declarou, aborrecido.

— Claro que não — retrucou Shōta. — E se tivesse? Comias?

— Eu só disse que não havia nada.

A divisão contígua era uma sala de estilo japonês. Ainda guardava uma cómoda e um altar budista. No canto, estavam empilhadas almofadas para quem se senta no chão. Havia ainda um armário, mas ninguém teve vontade de o abrir.

Da sala japonesa para a frente, era a loja propriamente dita. Atsuya iluminou o espaço com a lanterna. Nas prateleiras, sobreviviam alguns produtos, embora muito poucos. Eram artigos de papelaria, de cozinha e de limpeza.

Quando Shōta abriu a gaveta do altar budista, exclamou:

— Que sorte! Há aqui velas, podemos usá-las para fazer luz.

Acendeu as velas com o isqueiro e distribuiu-as pela sala. Graças a elas, o espaço tornou-se mais claro. Atsuya desligou a lanterna.

— Bem… — declarou Kōhei, sentando-se de pernas cruzadas no tatâmi. — Agora é só esperar que amanheça.

— Olhem, estava aqui isto.

Shōta retirou da gaveta de cima do altar budista algo que parecia uma revista. Tinha o ar de uma antiga revista semanal.

— Mostra aí — ordenou Atsuya, estendendo a mão.

Expulsou o pó e reexaminou a capa. Parecia apresentar uma celebridade; uma jovem mulher a sorrir. Observou-a por momentos, pois sentia que a conhecia de algum lado. Acabou por se aperceber de que, naqueles dias, costumava fazer o papel de mãe em várias séries. Deveria ter agora sessenta e poucos anos.

Revirou a revista e confirmou a data de publicação. Remontava a cerca de quarenta anos. Ao dizerem-no em voz alta, os dois entreolharam-se.

Livro: "A Pequena Loja dos Grandes Milagres"

Autor: Keigo Higashino

Editora: Presença

Data de Lançamento: julho de 2024

Preço: € 17,90

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— Incrível. Que terá acontecido nessa altura? — perguntou Shōta.

Atsuya virou as páginas. Eram praticamente do mesmo formato das revistas modernas.

— «Supermercado mergulhado no caos por compras em excesso de papel higiénico e detergente.» Acho que já tinha ouvido falar disto.

— Ah, já sei — disse Kōhei. — Foi durante a Crise do Petróleo.

Atsuya passou os olhos pelo índice. Por fim, viu a secção das modelos e fechou a revista. Não tinha quaisquer fotos eróticas ou nuas.

— Até quando terá vivido gente aqui?

Atsuya devolveu a revista à gaveta do altar e revistou o quarto.

— Ainda há alguns artigos na loja, já para não falar do frigorífico e da máquina de lavar a roupa. Parecem ter saído daqui à pressa.

— Escaparam de noite, não haja dúvida — determinou Shōta. — Como não tinham clientes, afogaram-se em dívidas e, certa noite, puseram-se em fuga. Deve ter sido isso que se passou.

— Sabe-se lá.

— Está-me a dar a fome — protestou Kōhei, num tom lastimoso. — Não haverá uma loja de conveniência aqui na zona?

— Mesmo que houvesse, não te deixava ir — cortou Atsuya, a olhar para Kōhei. — Temos de ficar aqui até de manhã. Se te puseres a dormir, passa num instante.

Kōhei apoiou a cabeça nos joelhos.

— Não sou capaz de adormecer quando estou com fome.

— E eu não sou capaz de me deitar nestes tatâmis cheios de pó — acrescentou Shōta. — Se pelo menos houvesse qualquer coisa onde me deitar…

— Espera um bocado — pediu Atsuya, levantando-se.

Atsuya pegou na lanterna e rumou à loja.

Moveu-se lá por dentro alumiando os produtos. Estava esperançoso de que houvesse um saco de plástico que pudessem usar.

Encontrou papel em rolo, para portas de deslizar. Se o desenrolasse, talvez servisse. Era isso que se preparava para fazer quando ouviu um som discreto atrás de si.

Surpreendido, virou-se. Viu algo branco a cair para dentro de uma caixa de cartão, em frente à portada. Com a lanterna, iluminou a caixa. Parecia tratar-se de um envelope.

Por momentos, o seu sangue fervilhou. Alguém havia inserido uma coisa pela ranhura do correio. Àquelas horas, quem poderia ser? Quereriam informá-los de algo?

Atsuya inspirou profundamente, abriu a tampa da caixa do correio e espreitou. Talvez já estivessem rodeados de carros-patrulha. Mas lá fora continuava escuro, o que lhe traía a imaginação. Não havia quaisquer sinais de gente.

Já mais calmo, pegou no envelope. Não tinha nada escrito na face. Ao virá-lo, leu nele as palavras «Coelha da Lua».

Em seguida, regressou à sala japonesa com o envelope na mão.

— Que é isso? Não estava lá antes? — perguntou Shōta.

— Meteram-no agora no correio. Vi-o com os meus próprios olhos, não tenho dúvidas. E olha para o envelope: é novinho em folha. Se já cá estivesse, devia estar cheio de pó.

Kōhei encolheu o corpo enorme.

— Será a polícia?

— Pensei no mesmo, mas não deve ser. A polícia nunca faria algo tão rebuscado.

— Tens razão — suspirou Shōta. — E a polícia nunca assinaria como «Coelha da Lua».

— Então, de quem será?

Kōhei moveu as pupilas, ansioso.

Atsuya fitou o envelope. O conteúdo parecia-lhe bastante grosso. Se fosse uma carta, tinha de ser extremamente longa. O que estariam a tentar dizer-lhes?

— Não, não pode ser — murmurou. — Esta carta não é para nós.

— Porque dizes isso? — perguntaram os outros dois, em coro, a olhar para Atsuya.

— Pensem bem: quanto tempo passou desde que estamos nesta casa? Se fosse apenas um lembrete, ainda admito que fosse possível. Mas uma carta tão longa demoraria pelo menos uns trinta minutos a escrever.

— Pois… agora que dizes isso, faz sentido — assentiu Shōta. — Mas pode não ser uma carta.

— Tens razão.

Atsuya reexaminou o envelope. Estava firmemente selado. Determinado, apertou-o com ambas as mãos.

— Que estás a fazer? — questionou Shōta.

— Vou tentar abri-lo. A solução mais rápida é ver o que está aqui dentro.

— Mas a carta não é para nós — disse Kōhei. — Não acho boa ideia abrires sem autorização.

— Não temos alternativa, a carta não tem destinatário.

Atsuya rasgou o envelope. Ainda com as luvas calçadas, inseriu o dedo no envelope e desalojou a carta. Ao desdobrá-la, revelou-se uma caligrafia bastante apertada, em tinta azul. A primeira linha dizia: «Esta é a primeira vez que escrevo a pedir conselhos.»

— Que é isto? — sussurrou Atsuya por reflexo.

Kōhei e Shōta espreitaram de lado.

Era, na verdade, uma carta estranhíssima.

Esta é a primeira vez que escrevo a pedir conselhos.

Chamo-me «Coelha da Lua». Sou mulher. Por razões que são só minhas, não posso revelar o meu verdadeiro nome. Lamento.

Para ser franca, pratico uma certa modalidade desportiva. Peço desculpa, mas também não poderei dizer qual. Talvez seja presunçoso da minha parte dizê-lo, mas os meus bons resultados levaram-me a ser escolhida para representar o nosso país nos Jogos Olímpicos do ano que vem. Portanto, se mencionasse a modalidade que pratico, facilmente saberia quem sou. O assunto para o qual necessito de aconselhamento requer que mantenha oculta a minha identidade enquanto futura atleta olímpica. Agradeço, desde já, a compreensão.

Amo um certo homem. Ele é quem melhor me compreende, coopera comigo e apoia-me. Ele desejava de todo o coração que eu pudesse participar nos Jogos Olímpicos. Para isso, estava disposto a fazer qualquer sacrifício. Ajudou-me financeira e mentalmente de mais maneiras do que eu poderia enumerar. Só consegui dar tudo e aguentar treinos dolorosos graças ao seu altruísmo. Sempre pensei que subir ao palco dos Jogos Olímpicos seria uma forma de lhe retribuir tudo o que me deu.

No entanto, aconteceu-me uma coisa, saída de um pesadelo. Subitamente, ele colapsou. Mal ouvi o nome da doença, vi as trevas a engolirem o mundo à minha frente: era cancro.

Não havia prognósticos de que fosse curável e o médico revelou-me que esperava meio ano de vida. Provavelmente, ele também estava ciente disso.

Enquanto esteve internado, disse-me que não me preocupasse com ele, que me focasse, ao invés, nos treinos, pois agora estávamos a passar por uma fase vital da preparação. Tal como me dissera, tinha planeadas sessões intensivas e treinos no estrangeiro. Como havia sido escolhida, agora teria de me devotar ainda mais. Racionalmente, eu sabia disso.

Ora, havia dentro de mim um outro eu, que, ao contrário do meu «eu» competitivo, só queria estar com ele. Nem me importava de abandonar os treinos para estar ao lado dele e cuidar dele. Até lhe cheguei a propor a renúncia à minha participação nos Jogos Olímpicos. Mas, quando o fiz, a sua expressão tornou-se tão triste que quase me dá vontade de chorar só de me lembrar. Implorou-me: «Não faças isso, ver-te nos Jogos Olímpicos é o meu maior sonho. Por favor, não desistas. Enquanto não subires ao palco dos Jogos Olímpicos, arranjarei forma de não morrer. Por isso, promete-me que irás dar tudo por tudo.»

Nunca revelei o nome da doença às pessoas que me rodeavam. Planeávamos casar depois dos Jogos Olímpicos, mas não falámos disso com as nossas famílias. 

Continuo a viver sem saber o que fazer. Por muito que treine, não consigo ter o estado de espírito certo ou concentrar-me. E, assim, nunca serei bem-sucedida. Se for para estar assim, mais vale desistir. Pelo menos, é o que penso. Porém, o seu rosto triste não me permite consumar essa decisão.

Estava sozinha, a remoer tudo isto, quando ouvi falar do Bazar Namiya. Escrevo-lhe esta carta com a esperança de que tenha uma boa ideia para me apresentar.

Incluo neste envelope um outro envelope, para que me responda. Por favor, ajude-me.

Coelha da Lua