"Decidi fazer um concerto que fosse uma espécie de celebração destes anos todos. Recolhi fados de todos os meus discos, alguns que não costumo cantar nos últimos anos. Entre eles, fados que canto no Sr. Vinho [casa de fados em Lisboa], mas que nunca gravei até hoje", explicou, em entrevista à Lusa.
Sobre 2019, Aldina Duarte faz referência a um "ano extraordinário" e de "acontecimentos raros", com uma atuação na Fundação Calouste Gulbenkian, uma passagem pelo festival literário Correntes d'Escritas, a estreia como atriz e a gravação de um novo disco, a editar no final deste ano.
Sem título e data anunciados, Aldina Duarte contou que o registo, gravado com os músicos Paulo Parreira e Rogério Ferreira, incluirá um dueto com o músico António Zambujo.
Além da residência habitual, há mais de duas décadas, no Sr. Vinho, em Lisboa, Aldina Duarte dá poucos concertos, por não gostar de fazer digressões e por uma exigência do próprio fado que interpreta.
"Eu canto maioritariamente melodias de fado tradicional, um espólio com 180 melodias, onde é suposto criarmos as nossas próprias histórias - refiro-me ao poema -, e depois criarmos um estilo e linguagem próprios. Isso exige uma grande dose de improviso. (...) Para correr bem não posso fazer isto automaticamente e regularmente num palco, justificou à Lusa.
Aldina Duarte editou o primeiro álbum, "Apenas o amor", em 2004, mas contabiliza os 25 anos de carreira desde que, em 1994, entrou num projeto no café-teatro d'A Comuna, em Lisboa, em colaboração com o encenador João Mota e Paulo Anes.
"Todos os dias tínhamos um convidado, ou fadista da nossa preferência ou um ator a dizer poesia portuguesa. Aquele projeto, durante aquele ano, foi tão bem sucedido que foi dali que Camané saiu da casa de fados para o mundo e eu entro para a casa de fados", recordou.
Entre os convidados dessa tertúlia estava a fadista Beatriz da Conceição, uma das referências de Aldina Duarte, que tinha conhecido aos 24 anos, e Manuela de Freitas, com quem viria a colaborar.
Depois de "Apenas o amor", Aldina Duarte editou os álbuns "Crua" (2006), "Mulheres ao espelho" (2008), "Contos de fados" (2011), "Romances" (2015) e "Quando se ama loucamente" (2017).
"Para fadista acho que sou pouco saudosista", disse Aldina Duarte quando convocada a olhar para estes 25 anos. Prefere o presente e aproveitar as experiências da ligação que faz entre o fado e outras artes, como a participação no espectáculo "Malfadadas", da temporada do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa.
"Foi a maior aventura de todas e onde aprendi sobre outras maneiras de me apropriar da palavra", disse à Lusa.
(Por: Sílvia Borges da Silva da Agência Lusa)
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