Na apresentação da recomendação, o social-democrata Vasco Morgado disse que “o teatro de revista é um espetáculo original e de costela bem lisboeta e aquele que mais público leva ainda aos teatros”, realçando o papel durante os tempos de ditadura em Portugal.

“Não há maior riqueza para um país do que um cofre cheio de cultura, portanto é da mais elementar justiça esta recomendação: a candidatura da revista a património imaterial da humanidade”, afirmou o também presidente da Junta de Freguesia de Santo António , considerando que o Parque Mayer é como um contador de histórias, inclusive “de toda a história do teatro em Portugal”.

Para o deputado do PS Hugo Gaspar, a recomendação para a candidatura do teatro de revista a património imaterial da humanidade “afigura-se como uma iniciativa meritória, ainda que não seja propriamente inédita ou recente, visto que várias entidades e personalidades já tinham avançado com essa ideia, nomeadamente após o êxito alcançado pela candidatura promovida pela Câmara Municipal de Lisboa que elevou o fado a Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO”.

Apesar de se rever nos pontos deliberativos da iniciativa do PSD, o PS aponta dúvidas e questões importantes relativamente a alguns dos considerandos, nomeadamente a ideia de ser criado no Parque Mayer um centro de ensino integrado de artes performativas, referindo que foi lançado um novo concurso de 13 milhões de euros para requalificar o Conservatório Nacional e, se o processo correr dentro dos prazos, em 2023 terá instalações confortáveis e adequadas às características inerentes ao ensino da dança e da música.

“Portanto vão ser gastos mais 13 milhões de euros no Conservatório Nacional para, segundo a recomendação do PSD, transferir o Conservatório para o Parque Mayer. Não nos parece uma boa gestão dos recursos públicos, isto além de que tendo o concurso público já sido lançado poderá ter implicações indemnizatórias”, indicou o socialista, criticando “a forma encapotada” como são apresentadas propostas no âmbito da candidatura do teatro de revista a património imaterial da humanidade.

O deputado do PS Hugo Gaspar lembrou que “a última vez que o PSD teve uma ideia para o Parque Mayer resultou num processo judicial, o caso Bragaparques, que demorou quase 20 anos a resolver e colocou o município de Lisboa na contingência de pagar uma indemnização de 239 milhões de euros”.

“Não nos parece que a cidade queira o regresso àqueles tempos onde brincámos com o dinheiro dos contribuintes, pagando maquetas a 649 euros à hora”, declarou o socialista.

Em resposta, o deputado do PSD Vasco Morgado lembrou as derrapagens nos investimentos no Teatro Capitólio e no Teatro Variedades, executados pela governação socialista: “o PS percebe tanto de cultura como eu percebo de levantar foguetões”.

A recomendação do PSD foi aprovada com a abstenção do PS e dos dois deputados independentes do movimento Cidadãos por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), Miguel Graça e Daniela Serralha, e os votos a favor dos restantes eleitos.

A proposta sugere ao executivo camarário, presidido pelo social-democrata Carlos Moedas, “que considere o teatro de revista como atividade cultural representativa da cidade de Lisboa que deve ser objeto de proteção e promoção, desenvolvendo, consequentemente, todas as ações que visem a sua proteção, salvaguarda, divulgação e promoção”, assim como a apresentação junto da UNESCO da candidatura do teatro de revista a Património Cultural Imaterial da Humanidade.

Por unanimidade, os deputados aprovaram recomendações pela campanha de sensibilização para a coexistência segura entre automobilistas e ciclistas e pela proteção e classificação do Parque Florestal de Monsanto, ambas apresentadas pelo PEV, pelo mês dos Direitos Humanos, apresentada pelos dois deputados independentes, e pelos direitos das pessoas com deficiência na cidade de Lisboa, o direito à mobilidade, à comunicação, à cultura e ao desporto, proposta pelo PCP.

Foram também viabilizadas duas recomendações do MPT, uma pela implementação de uma estratégia de sustentabilidade para os mercados municipais de Lisboa e outra pela requalificação e restauro da Igreja da Graça, na freguesia de São Vicente.