O filme vai ter antestreia no Festival du Film Francophone de Angoulême, a 24 de agosto, e vai chegar às salas francesas de cinema a 21 de novembro e, ás portuguesas, a 17 de janeiro.
O português desempenha o papel de um jovem autista brasileiro numa comédia dramática que conta a história de uma professora de francês, interpretada por Agnès Jaouï, determinada em conseguir que o seu grupo de sete alunos imigrantes passe no exame do código da estrada.
“Foi interessante. A Agnès [Jaouï], eu conhecia bastante bem o trabalho dela, tinha a impressão de que nos íamos dar muito bem e demo-nos muito bem. Ela fala português, ela canta em português, é uma boa companheira de trabalho. O realizador é uma pessoa muito atenta, cuida bem da sua equipa e tive bastante sorte porque ouço dizer, por aí, que é muito raro”, contou Nuno Roque à agência Lusa.
Entrar num filme francês “pela primeira vez” não foi fácil, devido a uma “certa resistência” contra os atores portugueses.
“Não há nenhum português que seja extremamente chamado. Por exemplo, há vários atores espanhóis, há vários atores alemães que tu vês constantemente nos filmes e, às vezes, ainda há um bocado essa resistência de: ‘Só chamaremos um português quando for para fazer alguma coisa em português'”, testemunhou.
Paralelamente, Nuno Roque, de 30 anos, está a realizar a sua primeira curta-metragem, que descreve como “um filme manifesto artístico”, que só deverá estar pronta em 2020.
“É quase um filme manifesto artístico. É um filme em que eu interpreto quatro personagens diferentes. É um filme estético que está a ser rodado integralmente dentro de um estúdio, não há nenhuma imagem de um lugar real. É um pouco como os velhos filmes de Hollywood, que eram todos rodados dentro de um estúdio”, explicou.
O artista já tinha realizado um trabalho em vídeo, intitulado “My Cake”, que, em 2015 e 2016, foi exibido em museus e cinemas nos Estados Unidos, na Bélgica, Espanha, Rússia, Bósnia, Macedónia, Canadá e França. O vídeo foi nomeado para vários prémios internacionais, incluindo o Blooom Award, na Alemanha, e o Prix Videoformes em França.
Nuno Roque vive e trabalha em Paris desde 2006, e desenvolve um trabalho multidisciplinar que vai da música, ao cinema, escultura, fotografia e representação.
O artista tem um estúdio na região francesa da Normandia onde está a realizar, ainda, “um projeto de autorretratos” com “fotografias satíricas, cómicas, às vezes, chocantes, politicamente incorretas”, e que conta levar a festivais no próximo ano.
Depois de passagens por vários programas televisivos em criança, Nuno Roque entrou, aos 14 anos, na Academia Contemporânea do Espetáculo, no Porto. Aos 17, foi para o Rio de Janeiro estudar cinema na Casa das Artes de Laranjeiras e, aos 18, chegou a Paris para entrar na École Internationale de Théâtre Jacques Lecoq.
Fez parte da trupe da encenadora Irina Brook, no espetáculo “Pan”, em 2011, entrou nas óperas “La Traviata”, de Giuseppe Verdi, “A Flauta Mágica”, de Mozart, “Dido e Eneias”, de Henry Purcell, e “C’était Marie-Antoinette”, encenadas pelo francês Jean-Paul Scarpitta.
Em 2009, Nuno Roque criou uma equipa de produção independente, La Mafia dell’ Arte, que reúne artistas de vários países e, em 2014, esteve na plataforma digital que juntava artistas emergentes, intitulada Arte Creative, patrocinada pelo canal televisivo franco-alemão Arte.
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