Integrado no Festival Temp d´Images, “Corpo”, com encenação de Nuno Nolasco, explora “questões identitárias da relação com o corpo enquanto outro”, acrescenta a Malvada.
“Mas o corpo não é tão só corpo, ele transforma-se com o progresso da cultura, da ciência, da tecnologia e da inteligência artificial”, sublinha a Malvada, acrescentando que o texto original, na base da dramaturgia para o espetáculo, foi criado por Filipa Leal, numa residência artística realizada em Évora.
Três corpos, três vozes, três tempos, definidos pela “mulher que limpa calmamente a piscina ou a mulher deitada, a apanhar laranjas”, “o atleta ou nadador, o rapaz que vive da velocidade” e “o homem sentado ou o pai envelhecido, que nunca se viu ao espelho”, frisa a Malvada.
Três personagens, “cujos corpos contêm vários corpos, num jogo de identidades que se alteram na relação com o outro, na relação com a própria vida a avançar mais ou menos intensamente, mais ou menos dolorosamente, mais ou menos lentamente”, frisa uma nota sobre o “Corpo”.
No espetáculo, os criadores procuram a relação entre o seu corpo, o corpo do outro e o “não corpo”, “numa pesquisa feita através do diálogo entre dois planos – o real e a ficção”.
“No real, o aqui e agora – dois corpos de dois performers que atuam sobre a violência, a beleza, a proporção, a harmonia, a inteligência, a prótese, o plástico-cirúrgico, a dor, a lesão, o tecnológico. Na ficção, três vozes, três corpos, três tempos, talvez três variações do mesmo mundo”, acrescenta a Malvada, citando Filipa Leal.
Sobre a encenação, Nuno Nolasco afirma que um dos pretextos foi “investigar ou pensar o corpo em 2024”.
“O corpo como matéria anatómica ou como centro emotivo e intelectual do ser? O corpo na física é chamado muitas vezes de objeto. Isto inclui determinar a posição e orientação no espaço, tal como as suas mudanças, resultado pela interação de forças”, acrescenta.
“Se em 2024 somos bombardeados com a obsessão pela cultura do corpo atlético, saudável e ativo, em ‘Corpo’ sabemos que o virtuosismo ou endeusamento de um atleta pode ser o pranto ou grito de ajuda dele próprio”, acrescenta Nuno Nolasco, sublinhando que, na cultura popular, o nosso corpo tem dias, ou os nossos olhos enganam.
“Corpo” tem encenação, cocriação e interpretação de Nuno Nolasco, com texto original de Filipa Leal.
A música e interpretação são de Mariana Ramos Correia, a ‘voz-off’ de Carlos Paiva, Diogo Bach e Erica Rodrigues, e o espaço cénico e os figurinos são de Ana Luena.
As duas récitas têm início às 21h30.
A Malvada Associação Artística foi fundada em 2018 pela dramaturga, encenadora, cenógrafa e figurinista Ana Luena e pelo fotógrafo e psicólogo José Miguel Soares, e é financiada pela Direção-Geral das Artes, com apoio da Câmara de Évora.
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