Borstein defendeu os imigrantes, Arquette apelou para o fim da perseguição dos transexuais e dos preconceitos em relação a esta comunidade e Williams pediu igualdade salarial entre homens e mulheres.
Alex Borstein foi a primeira a usar o palco para tomar uma posição em relação à imigração, um dos temas que mais divisão tem causado na política e sociedade norte-americana.
"A minha mãe e avó eram imigrantes, sobreviventes do Holocausto", disse Borstein, que venceu o Emmy de Melhor Atriz Secundária em série de comédia pelo papel de Susie Myerson em "The Marvelous Mrs. Maisel".
"A minha avó estava na linha de tiro para ser morta e atirada numa vala. Ela perguntou: ‘o que acontece se eu sair da linha?', ele disse: ‘não tenho coração para te alvejar, mas alguém o fará', e ela saiu da linha", contou Borstein. "Por causa isso, eu e os meus filhos estamos aqui. Portanto, saiam da linha, meninas", afirmou.
Também Jesse Armstrong fez uma referência à imigração quando subiu ao palco para receber o Emmy de Melhor Escrita para série dramática, pelo trabalho feito no episódio "Nobody Is Ever Missing" de "Succession", da HBO. A série é alegadamente inspirada na família Murdoch, responsável pela ascensão do império da Fox e Fox News.
"[Há] bastantes vencedores britânicos", disse Armstrong, ele próprio britânico. "Talvez demasiados, talvez vocês devessem pensar nessas restrições aos imigrantes", sugeriu. A frase que disse a seguir foi censurada pela Fox, que retirou o som à transmissão.
Antes disso, Patricia Arquette já tinha usado o palco para chamar a atenção para a perseguição de que as pessoas transexuais ainda são alvo, ao vencer o Emmy para Melhor Atriz Secundária em minissérie ou filme, pelo papel de Dee Dee Blanchard em "The Act".
"Estou grata por trabalhar e porque aos 50 estou a fazer os melhores papéis da minha vida, mas no meu coração estou muito triste", disse a atriz. "Perdi a minha irmã Alexis e as pessoas trans continuam a ser perseguidas", afirmou.
Arquette disse que é necessário "mudar o mundo" para acabar com a perseguição e dar empregos aos transexuais.
"Temos de nos livrar deste preconceito que existe em todo o lado", frisou, dizendo que estará para sempre em "luto" pela sua irmã Alexis, mulher transexual que morreu em 2016 devido a complicações relacionadas com o VIH.
Também Michelle Williams usou o seu discurso de vitória no Emmy de Melhor Atriz em Minissérie ou Filme, pela interpretação de Gwen Verdon em "Fosse/Verdon", do canal FX, para mais do que os habituais agradecimentos à família e equipas.
A atriz chamou a atenção para a necessidade de paridade salarial entre homens e mulheres, referindo que a FX Networks lhe deu o mesmo salário que o protagonista masculino da série, Sam Rockwell, algo que é quase inédito em Hollywood.
"Obrigada por me pagarem o mesmo", afirmou, dizendo que os produtores perceberam que "quando se dá o valor devido a uma pessoa" isso permite-lhe interiorizar a sua autovalorização e colocá-la no esforço de trabalho.
Michelle Williams esteve no centro de um escândalo de desigualdade de pagamento em abril deste ano, quando se soube que tinha recebido apenas mil dólares para regravar cenas no filme "All the Money in the World", enquanto o outro protagonista, Mark Wahlberg, recebeu 1,5 milhões de dólares para fazer o mesmo.
"Por isso, da próxima vez que uma mulher – e em especial uma mulher de cor, que ganha 52 cêntimos por cada dólar que um homem branco com o mesmo emprego recebe – vos diz do que precisa para fazer o seu trabalho, ouçam o que ela está a dizer", apelou a atriz.
O discurso de Michelle Williams foi dos poucos que suscitou uma ovação de pé por parte da plateia, a par de Alex Borstein e Patricia Arquette, numa noite em que houve poucas intervenções politizadas e nenhuma menção direta ao Presidente dos EUA, Donald Trump.
A 71.ª edição dos prémios Emmy decorreu esta madrugada em Los Angeles, Califórnia.
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