“Trata-se, fundamentalmente, de tratamento e consolidação de elementos pétreos das fachadas e decorações dos claustros, impedindo, por um lado, as infiltrações, procedendo, por outro lado, ao tratamento dos sais que deterioram com alguma facilidade o calcário”, afirmou Joaquim Ruivo.

Segundo Joaquim Ruivo, “esta intervenção vai, sobretudo, travar a proliferação de líquenes e musgos que, sobretudo nas decorações manuelinas das arcadas do Claustro Real mais expostas aos ventos e chuvas de norte/nordoeste, está a ser bastante agressiva, exigindo esta intervenção urgente”.

O diretor do mosteiro adiantou que os trabalhos, comparticipados em 85%, têm um prazo de execução de um ano.

Ainda em 2022, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, “estão previstas importantes obras de conservação, mas há um prazo de três anos para a sua conclusão e os projetos, estando já em fase de conclusão, ainda não estão lançados”, referiu o diretor, numa resposta escrita.

“Um dos problemas que se antevê na dificuldade de gerir as intervenções futuras, curiosamente, não será a falta de recursos financeiros, mas antes a falta de empresas com mão-de-obra qualificada que possam corresponder a todos os concursos que irão ser lançados no âmbito da conservação e requalificação do património edificado”, considerou Joaquim Ruivo.

Já este mês ficaram concluídas a construção de nova portaria de acesso ao monumento, a instalação de uma nova loja e a construção de uma nova portaria de acesso às Capelas Imperfeitas, investimento de cerca de meio milhão de euros, igualmente comparticipado.

De acordo com o diretor do Mosteiro da Batalha, “estas intervenções vieram também alterar um pouco o circuito de visita”, pois “ao retirar-se, finalmente, a bilheteira da Igreja, a entrada passará a fazer-se diretamente no Claustro Real, onde foram instaladas as novas portarias e bilheteiras, e daí os visitantes passarão para a Igreja e Capela do Fundador”.

“De qualquer modo a Igreja continuará a manter-se de acesso livre e gratuito”, observou.

Quanto à nova loja, “instalada no espaço onde até aos anos 80 estiveram instalados os bombeiros, ficou integrada no circuito de visita”, pelo que “será passagem obrigatória para todos os visitantes antes de saírem para o largo exterior”, assinalando que esta obra “veio, também, requalificar um espaço que servia como arrecadação e depósito”.

Já a portaria de acesso às Capelas Imperfeitas, “era uma obra há muito tempo ansiada, uma vez que as condições de receção e controlo por parte dos funcionários do Mosteiro eram inapropriadas, sobretudo com mau tempo”, declarou Joaquim Ruivo

O Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha, distrito de Leiria, resultou do cumprimento de uma promessa feita pelo rei D. João I, em agradecimento pela vitória na Batalha de Aljubarrota, travada em 14 de agosto de 1385, que lhe assegurou o trono e garantiu a independência de Portugal.

O monumento é Património Mundial da Unesco — Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura Mundial.

Segundo informação do monumento, “o Claustro Real ou de D. João I é um claustro com cerca de 55 metros de lado, quatro galerias e sete tramos em cada uma”.

“É de construção inicialmente gótica e só tem um piso, como era costume naquela época. Este claustro, traçado por Afonso Domingues, foi começado a par com a igreja, nos últimos anos do século XIV, e continuado, a partir de 1402, por Huguet. Os arcos ogivais são do tempo de D. João I, mas no tempo de D. Manuel é introduzido o ‘retoque final’, procedendo-se ao preenchimento das bandeiras por Mateus Fernandes, que adornou todo o seu interior com um fino rendilhado manuelino, com motivos vegetalistas, (troncos, ramos, folhas e frutos), cruzes de Cristo e esferas armilares, tudo assente em colunelos”, refere a informação.

Por seu turno, “o Claustro de D. Afonso V, de meados do século XV, de menores dimensões (não chega a ter 45 metros de lado) é mais austero, menos exuberante, mais associado também aos ideais das ordens mendicantes”.

“Da autoria de Fernão de Évora, é um dos primeiros construídos em Portugal com dois pisos, o que representava uma inovação para a época. No piso superior, a cobertura de pedra é substituída pela de telha e madeira (no interior). Deixa de ter terraços e passa a ter um telhado inclinado, de uma só água. Este claustro comportava várias dependências monacais, tanto no primeiro piso como no segundo, cujas funções respondiam às necessidades mais comuns do quotidiano dos frades dominicanos”, acrescenta.